domingo, 4 de abril de 2010

Industria Têxtil e de Vestuário colombiana enfrenta desafios


Desde as extensões de curto prazo no ATPA até à deterioração das relações com a vizinha Venezuela, a indústria têxtil da Colômbia está a enfrentar momentos difíceis e quer agora orientar a produção para produtos com maior valor acrescentado.


Em 2008, o governo colombiano lançou uma ambiciosa estratégia de crescimento nacional para transformar oito sectores, incluindo a indústria têxtil e vestuário (ITV), em actores de classe mundial. Mas, as exportações da Colômbia para os EUA têm sido prejudicadas por prorrogações de curto prazo no Andean Trade Preference Act (ATPA), em Dezembro a prorrogação por um ano foi concedida a apenas algumas semanas antes da data em que o pacto deveria expirar, o que torna difícil para as empresas investirem e planearem com antecedência.

Em Janeiro, uma visita do presidente colombiano, Alvaro Uribe, à Colombiatex – feira anual para o comércio de têxteis – ilustrou os outros problemas que o sector enfrenta, com vários representantes da indústria e associações de retalhistas a pedirem o seu apoio para uma série de questões. Estas abrangem os problemas comerciais e financeiros na vizinha Venezuela, o contrabando e a subfacturação de vestuário importado, o elevado custo da energia e a política de compras do exército colombiano.

Nos últimos anos, alguns observadores têm olhado o sector com crescente descrença à medida que a vizinha Venezuela se tornou um destino mais importante para os têxteis e vestuário colombianos do que os EUA. Em 2008, a Venezuela absorveu 65% das exportações têxteis da Colômbia e 55% das suas exportações de vestuário. O país vizinho conseguiu esta quota de mercado apesar de diversas marcas norte-americanas, como a Levi Strauss, Liz Claiborne, DKNY, JC Penney, Jones Apparel e Tommy Hilfiger, terem a sua fonte de aprovisionamento na Colômbia e do acesso isento de impostos ao abrigo do ATPA para o vestuário produzido com algodão, fios ou tecidos norte-americanos.

Igualmente surpreendente foi o facto de não serem apenas os numerosos pequenos exportadores colombianos, mas também empresas líderes como Fabricato, Coltejer e Enka de Colombia a colocaram a maior parte dos seus ovos na cesta do presidente venezuelano Hugo Chávez. Durante o primeiro semestre de 2009, 54% das exportações totais da Fabricato e 49% das da Enka de Colombia foram destinadas à Venezuela. Mas, agora que as relações entre a Colômbia e a Venezuela estão num nível historicamente baixo, as empresas de têxteis e vestuário estão a ponderar o que fazer a seguir.

A recente introdução de um sistema de dupla taxa de câmbio pela Venezuela e a decisão de Chávez de nacionalizar a cadeia de lojas da Exito (maior retalhista da Colômbia, na qual o grupo francês Casino tem uma participação maioritária) têm piorado os laços comerciais entre os dois países. «Estamos a aconselhar as nossas empresas a pararem de fazer negócios com a Venezuela, tentarem recuperar o seu dinheiro e procurarem novos mercados», afirmou Carlos Botero, director-executivo da Inexmoda, o instituto colombiano de exportação e moda. A Inexmoda e o Proexport, instituto colombiano de promoção das exportações, insistem que a procura de novos mercados não deve ser um esforço de curto prazo.

Para se tornar um actor mundial (capaz de exportar 28,4 mil milhões de dólares em 2032), o governo quer que a indústria têxtil e vestuário se transforme num produtor de artigos de gama alta e num exportador verdadeiramente global. Paula Trujillo, directora de competitividade e internacionalização na Inexmoda, incentiva os exportadores a ampliarem o seu raio de acção, começando com os mercados regionais, como: México, Equador e Peru. A partir daqui, Trujillo acredita que eles podem entrar no Canadá (que está a negociar um acordo de livre comércio com a Colômbia) e até mesmo no Médio Oriente, Rússia e outros mercados, incluindo a China.

Quando o presidente Álvaro Uribe assumiu o cargo em 2002, os acordos comerciais existentes significavam que os exportadores colombianos tinham livre acesso a 233 milhões de consumidores. A meta de Uribe era garantir o acesso a 1.200 milhões de consumidores em 2010, mas os acordos de livre comércio com vários parceiros comerciais importantes, como os EUA, a UE e o Canadá, ainda não foram concluídos.


Fonte:portugaltextil.com

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