domingo, 11 de abril de 2010

O LADO SOMBRIO DAS FRANQUIAS


Eu já publiquei um texto meu aqui nesse espaço sobre assunto e principalmente no meu blog www.mostradanus.zip.net/ "cairam de pau" em cima de mim. Agora essa reportagem no site UAI que reproduzo e que, em outras palavras referenda tudo que eu escrevi anteriormente. Eu repito, muito melhor dar uma de Paulo Coelho, clonar aquilo que já está pronto e não pagar nada, do que se tornar um cachorrinho nas mãos de alguém que quer expandir o proprio negócio e quer se livrar de pagar um alto salario a um executivo ou pagar o aluguel de um excentente ponto e simplesmente inverte a situação. Risco nenhum, pelo contrário, recebe do "pato", que se torna seu empregado de luxo.


Mas vejam o que a reportagem diz:





Franqueado corre risco de virar empregado dentro do próprio negócio




Sandra Kiefer - Estado de Minas

Publicação: 11/04/2010 08:13 Atualização: 11/04/2010 08:51



Beto Magalhães/EM/D.A press
As multinacionais redescobriram o Brasil por meio das franquias e inundam o país com sabores e marcas consagrados nas outras línguas. Em menos de cinco anos, o faturamento do setor mais que dobrou, saltando de R$ 31,6 bilhões em 2005 para R$ 63,2 bilhões no ano passado, segundo cálculos da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Diante das apetitosas promessas do mercado, parece fazer sentido quebrar o porquinho, raspar o Fundo de Garantia ou o PDV e investir as economias de uma vida na abertura de uma loja de grife, o que pode custar a partir de R$ 90 mil a mais de R$ 1 milhão, dependendo do nome do seu ‘sócio’.



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Só que ninguém avisa que, a partir desse momento, o franqueado está abrindo mão de ter um negócio próprio, onde vai mandar e desmandar, para seguir as regras de uma marca que já está consolidada na praça. Quem dá as rédeas é, na verdade mesmo, a franqueadora. Em outras palavras, ele vai se sentir como um funcionário dentro da própria empresa e, em alguns casos-limite, poderá até ganhar como tal. “A pessoa aposta todas as economias dela naquilo, pois confia que a ideia já está testada e vai render mais que o comércio isolado. Mas não estou tirando mais de R$ 4 mil”, compara Z., franqueado da Cacau Show no interior de Minas. “Como empregado, a gente investe só o tempo. Na minha franquia deposito meu tempo, dedicação e meu dinheiro. Se tivesse aplicado R$ 120 mil, tirava R$ 1 mil sem fazer nada”, diz.

Z. e outros donos de lojas ouvidos em diversos pontos do país participam de movimento nacional de mais de 150 franqueados para formar entidade capaz de se defender contra as extravagâncias da Cacau Show, que concorre diretamente com a Doce Cacau. “Sei que loja do interior é diferente de loja da capital, mas a franqueadora não tem abertura para diálogo. A última deles foi colocar uma câmera filmando a gente 24 horas por dia. Não posso tirar férias nem folga. Arrisquei no carnaval, sob o risco de levar advertência. Com duas advertências, perco a loja”, afirma Z.. A entidade acusa a Cacau Show na Justiça de negar o fornecimento de chocolate como forma de coerção (leia matéria adiante) e já tem sentenças favoráveis. A paulista Cacau Show nega.

OVOS DE OURO

“A relação da franquia tem de ser um tripé, onde todos ganham. O franqueador não pode se unir com o fornecedor e se esquecer do franqueado, porque ele é quem vende o produto. Não adianta espremer a galinha dos ovos de ouro”, alerta Mauro Pinhel, masterfranqueado do Bob’s, à frente de 14 das 15 lojas da marca em Belo Horizonte, com 500 funcionários. Ele já enfrentou graves dificuldades financeiras e jurídicas em relação a outra rede do mesmo setor. Quem o conhece sabe que se trata da maior rede de lanchonetes do mundo, mas Pinhel não quer nem dizer o nome, prefere tentar apagar 11 anos do seu o passado. “Com todas as dificuldades, posso dizer que venci, ganhei dinheiro e continuo fazendo o que sei fazer. Sou um fazedor de hambúrgueres”, diz.

Para este ano, Pinhel aprovou plano de negócios de aumentar em quase 50% o número de lojas Bob’s. Só em BH, serão mais cinco. Para cada loja aberta, porém, ele ainda tem de ir pessoalmente pedir permissão aos tribunais devido às pendências deixadas em aberto por sua franqueada anterior. “Quero ajudar as pessoas que pensam em entrar no negócio. Antes de se decidir, é preciso pesquisar muito. Ver se os fornecedores atendem, se a empresa tem logística pontual para entregar os produtos, se tem escala de fabricação, conversar com franqueados de sucesso e principalmente com quem está tendo problemas”, ensina.

Se houver desentendimento na relação comercial, Pinhel recomenda um divórcio amigável. “Em um possível desligamento da rede, é melhor procurar o franqueador e explicar os motivos de peito aberto e encontrar uma saída negociada, antes de buscar os meios jurídicos. Tem de ter equilíbrio para entrar e para sair”, diz ele, que não está se referindo ao Bob’s. Ao contrário, Pinhel se mostra surpreendido positivamente em relação à rede norte-americana, que, segundo ele, é “parceira” para os únicos quatro franqueados de Minas, dos 600 no Brasil. Eleito por 40 franqueados no país para fazer parte do conselho consultivo, Pinhel afirma que, na prática, o órgão se revela deliberativo, apesar de o estatuto não ter sido alterado. “Cerca de 70% das sugestões dos franqueados foram aceitas”, jura.

Na época, ao sair do McDonald’s, 23 franqueados no Brasil rejeitaram a proposta de acordo com a rede, movendo um pesado processo contra os norte-americanos, que incluiu acusações de canibalismo comercial. A franquia foi formalmente acusada de usar os franqueados para crescer no Brasil. Em Minas, apenas um dos franqueados comprou a briga. Saiu ganhando (dinheiro, inclusive) e hoje é dono de agradáveis restaurantes em bairro nobre da capital, mas prefere não se envolver mais com problemas. “Aprendi muito com o McDonalds, pois eles testam você para saber se vai dar conta daquilo. Vi pessoas dispostas a investir R$ 1 milhão que desistiram do treinamento em três dias porque não suportavam cheiro de pão. Tem de ter perfil corporativo e muita paciência para pregar o cartaz na parede que eles determinam, na posição vertical e com o prego que eles mandam. Não pode mudar um milímetro”, explica. “Não sei como suportei isso”, sorri amarelo.

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