quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mão-de-obra é a principal preocupação do setor têxtil


As conquistas do setor têxtil, como a redução da alíquota do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias), marcam um novo momento para a cadeia produtiva e assinalam a retomada do poder de competitividade, da expansão dos negócios e, consequentemente, da demanda de profissionais qualificados. Ao fazer uma análise do cenário atual, as principais entidades representativas do setor apontaram para o risco iminente de um "apagão" da mão-de-obra qualificada, principalmente nas confecções.


Na opinião das lideranças têxteis da RPT (Região do Polo Têxtil), os cursos de capacitação precisam ser ampliados para garantir funcionários qualificados para atuar no segmento do vestuário/confecções. Estudo inédito divulgado no final de março pelo Sinditêxtil-SP (Sindicato das Indústrias Têxteis do Estado de São Paulo) e o Polo Tec Tex (Polo Tecnológico da Indústria Têxtil e de Confecção) apontou um crescimento acelerado das confecções na região do Polo Têxtil.

Nilza Tavoloni, diretora regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) disse que a RPT carece de cursos de qualificação de toda ordem, para os vários setores que se destacam nas cidades da região. Especialista no setor há mais de uma década, a empresária fez uma alerta: "Vamos ter muito em breve o retorno do 'apagão' da mão-de- obra qualificada e não qualificada. É só concretizar a efetiva retomada do setor produtivo e não vamos ter profissionais preparados para atender a demanda da produção, desde a básica até a especializada, e para todas as áreas", analisou.

Gargalos

Nilza ainda disse que o número insuficiente de trabalhadores preparados para assumir postos de trabalho na cadeia têxtil "poderá vir a ser um dos gargalos impeditivos do Brasil aproveitar bem as oportunidades de desenvolvimento que demorou tanto para conquistar". Um dos fatores responsáveis por essa situação, segundo ela, é que o empregado acredita que é responsabilidade do patrão se preocupar com a mão de obra qualificada e para o desempregado treinamento não é prioridade. Na outra ponta, o empresário busca o empregado pronto. "É um circulo vicioso", analisou a diretora.

Sobre os cursos organizados pelo Polo Tec Tex, com o apoio do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), nos últimos três anos para qualificar costureiras, Nilza Tavoloni explicou que essa parceria é a maior carga horária de treinamento para este fim nos últimos tempos no Estado de São Paulo. "Ainda assim não dispomos de quantidade suficiente para atender a necessidade das confecções", observou a representante do Ciesp.

RPT é referência em formar profissionais

Apesar de reconhecer que diante da expectativa de crescimento do setor têxtil a preparação da mão-de-obra se apresenta como um grande desafio, o vice-presidente do Polo Tec Tex, Valdemar Gavagliabossa, destacou que as melhores costureiras do Estado estão na RPT (Região do Polo Têxtil).

"O Polo Tec Tex está atento às necessidades do setor e preocupados com isso estamos formando cooperativas de costureiras na região. Temos unidades em Americana, Nova Odessa, Hortolândia e Sumaré. Além disso, há os cursos que fazemos em parceria com o Senai nas áreas de confecção e moda", destacou.

Cursos do Senai são as apostas do setor

Os projetos disponíveis no Senai de Americana, que receberam nos últimos três anos mais de R$ 8 milhões de investimentos para atualizar a capacidade instalada e atender a demanda do setor, segundo a diretora regional do Ciesp, Nilza Tavoloni, são o caminho na busca de soluções para a região do polo têxtil suprir a carência de mão de obra, assim como as cooperativas de costureiras.

"O déficit no setor de confecção é grande", reconheceu o vice-presidente do Polo Tec Tex, Valdemar Gavigliabossa. E, os motivos da falta de profissionais suficientes para ocupar ou se manter nas vagas tem a ver com a falta de interesse da população economicamente ativa. O presidente do Sinditec (Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana e Região), Fábio Beretta Rossi, acredita que os postos de trabalho na cadeia têxtil não são interessantes, principalmente, para os jovens e também para parte dos trabalhadores do setor.

"O próprio Senai, que é referência internacional em qualificação de pessoas tem dificuldades para formar algumas turmas para cursos atuais e gratuitos", disse a diretora regional do Ciesp.

Rotatividade

"A rotatividade nas empresas têxteis é altíssima na região. Essa realidade é notória e preocupante", ressaltou Beretta. Esse é um ciclo, segundo ele, que provoca desânimo no empresariado pelo fato de ter de constantemente sair em busca de mão de obra qualificada para repor as vagas.

Porém, segundo ele, o índice de rotatividade pode ser reduzido futuramente. "O Ministério do Trabalho está fazendo estudos para modificar as regras para a liberação do seguro desemprego. Com isso, acredito que a prática de pedir a conta depois de cinco meses para receber o benefício deve diminuir", analisou Beretta.


Cooperativas qualificam profissionais na região

A expansão das cooperativas de confecção na RPT (Região do Polo Têxtil) é uma tendência que não tem volta. "É um projeto muito importante e inovador do Polo Tec Tex apoiado pelo Poder Público e iniciativa privada com um viés social e produtivo muito importante para nossa região", destacou a diretora regional do Ciesp, Nilza Tavoloni.

Sobre a força das cooperativas de costureiras, que existem em todas as cidades da RPT, com exceção de Santa Bárbara d´Oeste, a diretora disse que elas são o caminho para qualificação de trabalhadores na região. "Também são a saída para a geração de oportunidades de micros negócios e atendem a uma enorme demanda de produção das confecções. Nossa região, neste momento, importa mão de obra até de outros estados", revelou Nilza.

A diretora fez questão de ressaltar que o Polo Tec Tex tem um dos maiores projetos de qualificação de mão de obra em andamento atualmente. "Esses treinamentos são planejados sob medida para as necessidades das empresas e parcerias com renomadas instituições. São cursos voltados não apenas para os trabalhadores, mas ao empresariado também que precisa passar por treinamentos constantemente", observou a diretora.

Fonte:oliberalnet.com.br

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