sábado, 31 de julho de 2010

Caso Muricy: crescer ou ser fiel à empresa?


Você recebe uma proposta de emprego de outra empresa. É um salto em sua carreira, algo que você esperava havia muito tempo. Mas você não quer romper seu compromisso e deixar seu chefe - que não quer perdê-lo - na mão. O que fazer? Mudar de emprego mesmo assim? Romper obrigações contratuais ou morais em nome de um cargo mais alto ou de mais dinheiro? A resposta dos especialistas em gestão de carreira é: siga o exemplo de Muricy Ramalho.

O técnico do Fluminense foi convidado na última semana a assumir o posto de treinador da seleção brasileira, cargo que dez entre dez técnicos almejam. Recusou a oferta, porém, porque o clube que dirige não liberou sua saída. Muricy já havia acertado um contrato com a equipe carioca até o fim de 2012 antes de receber o convite da CBF. Como diz que nunca quebrou um contrato sequer, deixou a decisão de liberá-lo ou não nas mãos do Fluminense, que decidiu segurá-lo. E Muricy, que sempre disse sonhar com a chance de treinar a seleção, abriu mão dessa chance.

Os especialistas em gestão de carreira ouvidos por VEJA.com classificaram a decisão como acertada. "É uma postura ética rara de ser encontrada. Vemos muitas empresas fazendo propostas melhores e é comum o profissional pensar só no dinheiro e partir. Essa decisão muitas vezes mancha uma carreira", alerta Sulivan França, presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (Slac). "Às vezes, vale mais a pena você sacrificar um ganho no curto prazo, mas valorizar uma carreira e um caráter", completa.

"O Muricy deu o exemplo do que é um líder baseado em valores", afirma Irene Azevedo, consultora de carreira da DBM. A especialista explica que essa decisão é benéfica no longo prazo, porque o líder passa a ter muito mais credibilidade perante sua equipe. "Aqueles que estão sendo liderados por nós esperam o exemplo, por mais difíceis que as decisões sejam", explica.

E se você fosse o Mano?


O ex-técnico do Corinthians, Mano Menezes, foi convidado a assumir o cargo que Muricy recusou. No mundo corporativo, ser a segunda opção é muito comum, e o profissional não deve se sentir inferior por isso. "As oportunidades só aparecem quando estamos preparados", explica Irene. De acordo com ela, não há segredo na postura ideal para essa situação: "O importante é pensar: eu fui lembrado e escolhido. Tenho que mostrar o meu valor, ver os erros e acertos das outras gestões", afirma a consultora.

O especialista em recrutamento de executivos Jean Pierre Marras explica que nem sempre a escolha de um profissional leva em conta apenas competência. "Existe uma série de variáveis que são levadas em conta", explica. Portanto, o profissional lembrado apenas após a recusa do primeiro escolhido não deve se ressentir. Pelo contrário: deve pensar que está no rol dos melhores.


fonte:revista Você S.A

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