domingo, 11 de julho de 2010

A importância de investir no marketing pessoal


Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e as exigências aumentando proporcionalmente, é cada vez mais complicado destacar-se em meio a tantos candidatos, mesmo que se invista em cursos de idioma, especialização, pós-graduação, mestrado e viagens internacionais. Do mesmo modo, é difícil entender como pessoas com admirável capacitação e conhecimentos ficam tanto tempo em busca de emprego, ou sequer conseguem uma promoção na empresa onde estão. Afinal, o que de fato é apreciado pelos selecionadores?

Podemos definir esse diferencial esperado pelas empresas como Marketing Pessoal.

Marketing é o conjunto de ferramentas que uma organização utiliza para fazer com que seus produtos sejam conhecidos, apreciados e comprados. Portanto, o Marketing Pessoal segue basicamente a mesma linha de raciocínio, mas nesse caso, o profissional usa suas qualificações em beneficio da própria carreira. Em um mercado com concorrentes e qualificações tão semelhantes, algumas características podem ser decisivas durante o processo de seleção ou promoção na empresa.

Para Mario Persona, palestrante, consultor e professor de estratégias de comunicação e marketing, o marketing pessoal deve ser realizado com muita cautela para não se tornar algo negativo. “O marketing pessoal traz os mesmos fundamentos do marketing institucional, de marca ou produto. Como em qualquer outra situação, seu planejamento envolve detectar, analisar e atender necessidades e desejos de pessoas, agregando valor e gerando lucratividade”, define. “Enquanto no marketing empresarial quem planeja é uma segunda entidade, e não o próprio produto, no marketing pessoal o produto é o próprio ser humano, com suas habilidades, capacidades e conhecimentos. Isto torna o marketing pessoal muito mais sensível às consequências de uma abordagem mal feita, pois não é possível tirar esse tipo de produto do mercado por falta de qualidade ou substituí-lo por outro, como é feito com produtos convencionais”.

“O modelo de sociedade em que vivemos dita padrões de competitividade extremamente elevados em praticamente todas as áreas. Tanto em aspectos visuais, de comunicação e de conhecimento, quanto em outros aparentemente secundários, pequenas diferenças podem determinar o sucesso ou o fracasso.”, complementa Magna dos Santos, gerente de RH do grupo Pão de Açúcar. “Marketing Pessoal pode ser definido como uma estratégia individual para atrair e desenvolver contatos e relacionamentos interessantes, do ponto de vista pessoal e profissional, bem como para dar visibilidade a características, habilidades e competências relevantes na perspectiva da aceitação e do reconhecimento por parte de outros. E esse reconhecimento é fundamental para diferenciar e situar um indivíduo no contexto social em que vive, e determina, em grande parte, a maneira como ele estará posicionado para o sucesso profissional e pessoal”.

Construir uma imagem positiva é importante dentro e fora do ambiente corporativo. É fundamental ser notado, sem parecer inconveniente, por exemplo, ou conquistar naturalmente a simpatia sem ser visto como "bajulador". Do mesmo modo, estabelecer relações de confiança por meio de ações e atitudes admiradas pelo mercado, buscar o aperfeiçoamento constante, tanto na aparência quanto no conhecimento, e adquirir experiência, são qualificações necessárias ao bom profissional.

Viviane Lauren Negrelli, master practitioner com foco em negociação e vendas com PNL, acredita que a imagem seja importante desde que sustentada por outros atributos, como o bom relacionamento com as pessoas. “A imagem que a pessoa passa só será importante se for congruente com os seus atos. É importante que haja um equilíbrio interno para que isso aconteça, assim como a relevância de outros fatores que também contribuem”, explica. “As qualificações são importantes, mas a habilidade de se relacionar com o outro gerando maior sintonia entre a equipe, as áreas e a direção é o grande diferencial”

Para Mario, a aparência é apenas algo complementar, já que, em grande parte das vezes, é passageira. Ele acredita que um conjunto de fatores, como conteúdo e bagagem de conhecimento, faz com que o profissional seja reconhecido e desejado pelo mercado. “No marketing pessoal, o que vale é a impressão que a pessoa causa em outras pessoas. Ao contrário do que muitos pensam, cuidar de seu marketing pessoal não se trata de tomar um banho de loja ou andar na última moda. Também não se trata apenas de fazer propaganda de si mesmo. O mais importante no contexto do marketing pessoal é criar devedores”, ensina. “Quando somos ajudados por alguém, ficamos com essa marca em nossa memória e sempre que surge uma oportunidade falamos bem dessa pessoa, voltamos a comprar dela ou a indicamos a outros clientes. É principalmente sobre isso que repousa o marketing pessoal: produzir formadores de opiniões favoráveis a nosso respeito.”

Timidez x Marketing Pessoal

Uma organização é constituída por diferentes tipos de profissionais, o que não define absolutamente que aquele mais extrovertido seja o melhor, ou que o mais calado seja o menos capacitado. A qualidade do profissional costuma ser avaliada por meio de atitudes do dia a dia e pela competência demonstrada; mas, para isso, é importante que todos possam enxergar o trabalho realizado e os resultados conquistados.

Viviane acredita que um profissional mais introvertido também possa desenvolver seu marketing pessoal, desde que isso não cause um incômodo ou acabe prejudicando sua atuação na empresa. “Um profissional tímido pode sim ter um marketing pessoal bom, porém, se o fato de ser tímido o incomoda, tem que buscar uma forma de mudar essa situação, procurando uma evolução pessoal, potencializando seus recursos internos e alinhando seus comportamentos, ações e reações em prol do que deseja”.

Mario também concorda com essa visão, e aposta mais no desenvolvimento dessas pessoas no que de profissionais que exageram no modo de agir e falar. “A timidez não é necessariamente um impedimento para o marketing pessoal. Tímidos também são capazes de agregar valor à vida das pessoas com as quais interagem, e é isso o que importa. É preferível ser um tímido que está sempre disponível e disposto a ajudar, do que um falastrão que fala pelos cotovelos e não move uma palha pelo benefício das pessoas e da empresa. Timidez na comunicação é uma coisa, timidez na ação é outra. Podemos ser tímidos para falar, mas não devemos ser tímidos para agir”, conclui.

Características apreciadas pelas empresas

É difícil definir quais são as principais qualificações exigidas pelas empresas. Com certeza, existem algumas pré-estabelecidas, mas, no entanto, outras variam de acordo com o porte e segmento da organização, ou até mesmo com o cargo que será ocupado. Para uma secretária, por exemplo, é importante ser organizada e ter uma imagem impecável; já para um cargo de supervisão, a liderança e visão são características mais importantes. Tudo depende das necessidades estabelecidas em cada situação.

Segundo Magna, o que realmente importa é agregar valores positivos à organização. “As empresas buscam profissionais cujas características somem resultados ao negócio. Percebe-se uma busca por pessoas com bom nível de auto-motivação e auto-confiança, gestão de pessoas e recursos, criatividade, bom humor, capacidade de produzir conhecimentos, relacionamento interpessoal, entre outras”.

Mario ainda cita outras características, e explica a importância de cada uma. “Acredito que dinamismo seja importante. Pessoas dinâmicas fazem as coisas acontecer, são proativas e assumem riscos na tomada de decisões e resolução de problemas. As pessoas com maior probabilidade de sucesso na carreira são aquelas de iniciativa, que deixam uma marca positiva por onde quer que passem.”, explica. “Outra qualidade importante é a vontade de enfrentar desafios, pois profissionais assim não fogem de problemas. Ao contrário, costumam correr atrás deles e consideram um desafio solucioná-los. E vontade de aprender e flexibilidade são outras qualidades importantes. A empresa quer que o profissional transforme o que aprender em valor.”

“Bons profissionais vão deixando um rastro de satisfação por onde passam e isso acaba se transformando em seu melhor argumento de venda. O melhor dos mundos é quando você para de se vender e passa a ser vendido por seus clientes satisfeitos. Então não é você quem procura por clientes, mas é procurado por eles. Você deve conhecer pessoas que não fazem qualquer esforço para terem a agenda cheia, mas é bom saber que essas pessoas também nasceram peladas como você, e precisaram construir essa roupagem que agora atrai tantas oportunidades”, finaliza ele.



Fonte: Jornal Carreira & Sucesso - 390ª Edição

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