quinta-feira, 1 de julho de 2010

Indústria da moda nos EUA se volta para tamanhos especiais


Consumo. Venda de roupas acima de 46 aumentou 1,4% enquanto a de vestimentas femininas caiu 0,8%


Problema é que molde nem sempre cai bem em todas as gordinhas

NOVA YORK, EUA. Trajando um vestido justo branco de denim tamanho 52, usando salto alto que a deixava com aproximadamente 1,90 m, Gwen DeVoe, ex-modelo e produtora de desfiles, entrou em uma passarela de Manhattan para tentar chamar a atenção dos lojistas para a mulher que usa tamanho especial. "É uma vergonha tantas lojas não estarem nem aí para os tamanhos maiores. Uma vergonha", disse Gwen. "Toda garota gordinha também tem dinheiro para gastar em roupas".

Naquele mesmo dia, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) relatou que 28% da população norte-americana adulta estava obesa no ano passado, a maior percentagem da história. Quase dois terços das mulheres norte-americanas estão acima do peso ou obesas.
Enquanto médicos e autoridades sanitárias incentivam a população a emagrecer, a indústria da moda começa a acolher os consumidores do jeito que eles são. Tanto lojas voltadas para o público de massa como a Forever 21 e a Target, quanto estilistas sofisticados como Elie Tahari, estão decidindo que o aumento de peso dos norte-americanos é uma oportunidade de negócio e estão revigorando um mercado que esteve em queda.

As roupas padrões que a maioria das lojas se dedicou a vender nos últimos anos serve a cada vez menos pessoas. E, enquanto os lojistas buscam formas de aumentar as vendas, o tamanho especial é uma das poucas categorias em que existe crescimento. O mercado de tamanhos especiais aumentou 1,4% enquanto o mercado de vestimentas femininas caiu 0,8% de maio de 2009 a abril de 2010, se comparado com o mesmo período do ano anterior, segundo o grupo de pesquisa NPD.

"Isso faz muito sentido em termos de negócio", disse Gwen, que fundou a Full Figured Fashion Week (Semana da Moda Mulheres Completas) no ano passado para pressionar as lojas de marca a abraçarem os tamanhos maiores. Mas nem sempre é fácil para os lojistas se aventurarem no mundo das vendas para consumidores de tamanho maior. Os estoques de vestimentas de tamanho especial ocupam um espaço valioso de armazenagem, e um estilo pode não cair bem em duas mulheres diferentes, mas com o mesmo peso.

Um vestido tamanho 50 não serve a maioria das mulheres de 90 kg - uma pode ter um ombro mais largo, outra coxas grandes e outra quadril maior. "Existem variações não só no formato do corpo. Se você olhar uma mulher mais gordinha, você também está olhando para a forma como os depósitos de gordura estão arranjados em volta do corpo", disse Susan Ashdown, professora da Universidade Cornell que estuda o caimento das roupas em imagens tridimensionais.

"Uma das coisas que acontece com as mulheres de tamanho especial é que, invariavelmente, elas são mal servidas", disse Bill Bass, presidente da Sonsi, site de relacionamento e venda de roupas para mulheres mais pesadas. "As grandes empresas esquecem dessas mulheres ou as ignoram. Ou, então, só disponibilizam roupas para elas na internet, já que não as têm nas suas lojas". Traduzido por André Luiz Araújo

Roupas saem mais caro

NOVA YORK. As roupas de tamanho especial são mais difíceis e caras de se fabricar. O material pode corresponder à maior parte do custo de produção de uma roupa - até 60% - e os tamanhos maiores exigem não só mais material, como, às vezes, processos diferentes de produção. "Na verdade, são necessários rolos mais largos de tecido. Às vezes, isso requer maquinários especiais para se produzir as roupas", diz Deepa Neary, consultora da A.T. Kearney, firma de consultoria. (SC/NYT)



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Belo Horizonte


Gordinhos têm poucas opções
Em Belo Horizonte, quem procura roupas de tamanhos especiais quase sempre tem que ir a lojas especializadas, já que grande parte dos estabelecimentos só vende peças até a numeração 44.

Jaqueline Natália Gomes, 23, se cansou de entrar de porta em porta atrás de roupas bonitas e que servissem nela – hoje a vendedora veste 54. “Lojas próprias para pessoas acima do peso ainda são raras”, reclama.

Pior do que isso é sofrer preconceito. “Já entrei em um lugar para comprar um presente e, antes de falar o que queria, a vendedora já disse que eles não tinham roupa para o meu tamanho”, relembra.

Agora Jaqueline está do outro lado. Há cinco meses, ela trabalha justamente em uma loja de tamanhos especiais. “As clientes têm mais liberdade de comprar comigo, porque sei bem o que é da nossa preferência, o que fica bom no corpo”, afirma.

A advogada Jacqueline Cristina Schreider, 32, também já sofreu “reprovação” do olhar de atendentes. De alguns anos para cá, ela só compra em lojas exclusivas para o seu tamanho. “Mesmo assim, ainda é difícil encontrar roupas que agradem. Não é só porque a gente é gordinha que tem que andar malvestida”, ressalta.

Para Jacqueline, já passou da hora de os comerciantes darem atenção especial a um público que não para de crescer. E ela está certa. Segundo o Ministério da Saúde, 46,6% dos brasileiros estavam acima do peso em 2009 – contra 42,7% em 2006. (Da Redação)

Fonte:otempo.com.br

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