domingo, 31 de outubro de 2010

O ciclo da moda: saiba como é a engrenagem que faz a máquina fashion girar

Antes de chegar ao seu armário, a peça que você está usando neste momento passou por um longo trajeto.

A roupa tem vida útil. É um bem não durável que precisa ser reposto de tempos em tempos. Não apenas por uma questão de modismo. Precisamos adaptar as roupas ao clima da cidade em que moramos e devemos trocá-la com regularidade para não rasgar — afinal, só dá para remendar até certo ponto. O ciclo da moda foi se estabelecendo ao longo dos séculos por uma questão de necessidade. Mas, aos poucos, tornou-se uma forma de o mercado se organizar e, principalmente, lucrar. Por isso, de seis em seis meses somos bombardeados com informações sobre novos estilistas e tendências. É-nos imposto o que vamos usar na próxima temporada e o que estará disponível nas lojas.

O ciclo envolve toda a cadeia produtiva. Desde as pessoas com estilo excêntrico, os bureaus de tendências, as indústrias química e têxtil, os estilistas, os moldistas — que estão em extinção —, os pilotistas, os costureiros, os modelos, os jornalistas, os compradores, as empresas de fast fashion e mais uma infinidade de profissionais que fazem a roda da moda girar. O resultado é uma das cadeias mais charmosas e envolventes do PIB mundial. Aprenda como funciona o mecanismo da moda e saiba como a roupa que você está usando foi parar no seu armário.

Underground


Os estudiosos do mundo fashion gostam de classificar os consumidores em dois grupos: quem faz moda e quem usa moda. O primeiro é formado por aqueles que definem o que vai ser usado nas próximas estações. Não porque estudam o tema ou são pagos para isso, mas porque são pessoas que estão à frente do tempo. Nele, podem ser incluídos algumas celebridades, artistas, pessoas comuns e qualquer um que se veste de forma inovadora. Eles estão concentrados, principalmente, nas ruas de Estocolmo, Tóquio e outras cidades nórdicas. Fazem parte desse grupo também os estilistas vanguardistas — conhecidos internacionalmente ou não. Eles viram objetos de estudo dos bureaus de tendências e referência de estilo. O consumidor se transforma no ponto de início do ciclo da moda.

Início comercial


Por anos, as indústrias química e têxtil estavam no topo da pirâmide, definindo as paletas de cores e os materiais da estação. Há quase uma década, entretanto, elas trabalham em conjunto com os bureaus de tendências para entender melhor o que o consumidor deseja consumir nas próximas estações. As previsões são feitas com até um ano e meio de antecedência. Os institutos de pesquisa avaliam mudanças culturais, econômicas e sociais de forma global. Cada agência tem escritórios espalhados no mundo, que acompanham os desfiles de moda, os estilistas vanguardistas, a maneira como as pessoas se vestem na rua, as celebridades locais, as galerias de arte, os designers e as lojas da cidade. Essas informações são analisadas e postadas em um portal na internet. Diversas marcas de moda assinam o site, assimilam as tendências e desenham as suas coleções.

Material

Com as informações sobre o comportamento do consumidor, as indústrias química e têxtil definem as opções de tecidos que serão oferecidas às confecções. São escolhidas as cores da temporada, o estilo das estampas e os tipos de tecidos. Nos últimos anos, as fábricas têm investido muito em tecnologia para diversificar o mercado. De seis em seis meses, são lançadas propostas em feiras especializadas e show rooms. As pequenas e médias empresas são convidadas pelas fábricas para conhecerem, nesses eventos, a coleção. “Fazemos parceria com os grandes nomes que desfilam nas principais semanas de moda para criar estampas exclusivas e desenvolver tecidos tecnológicos”, explica Paula Cimino, gerente do setor feminino da TexPrima. Esse monopólio tem mudado com o lançamento da estamparia digital, pois permite que cada marca faça impressões únicas em pouca quantidade.

Bureaus de tendência

Há uma década, começaram a surgir as agências de tendência e, rapidamente, elas se tornaram importantes peças no ciclo da moda. As empresas são responsáveis por coletar, analisar e divulgar.

— para quem paga — todas as notícias relacionadas à moda. O objetivo é fazer com queas empresas que vendem roupas consigam se planejar. Ou seja, entender o cliente, analisar o que ele gosta de consumir e criar a coleção mais consciente, fazendo com que as empresas vendam mais. Essas agências, na verdade, são só a formalização de uma atividade que já existia nas principais maisons de moda desde os anos 1950.

 Nos últimos ano entretanto, bureaus independentes se proliferaram em todo o mundo.

Os institutos de pesquisa conseguem anteceder o mercado em até três temporadas. Pois contam, em suas equipes, com sociólogos, antropólogos e psicólogos. A pesquisa é tão aprofundada que empresas — automobilística e hoteleira, por exemplo — que têm o design como essência começaram a assinar o serviço.

Criação



Apesar de os bureaus de tendência indicarem um caminho de comportamento, a indústria química optar por uma paleta de cor e a indústria têxtil escolher os materiais e estampas da estação, são os estilistas que efetivamente definem o que vai ser usado. Eles usam as informações que são cedidas pelas agências e pelos fornecedores de material como linhas de pensamento e não como regra. A criação faz com que as informações coletadas pelos bureaus tomem forma, modifiquem-se e se desenvolvam. Cada estilista tem uma forma de desenhar, mas, normalmente, eles usam os quadros de referências. Nesses, são colocados imagens de revistas, obras de arte, prédios de arquitetura e qualquer outra foto que traga inspiração para a coleção.

Organização

O diretor de estilo, nome principal da marca, estipula as referências, os cortes e as ideias de estampas. Ou seja, as principais linhas de desenvolvimento da coleção. É muito difícil um designer trabalhar sozinho, normalmente eles têm uma equipe que os ajudam a desenhar. É muito trabalho para uma pessoa só. Cada coleção tem quase 300 peças para serem executadas, entre calças, vestidos, blazeres, saias, camisas. O objetivo é organizar a criação e dinamizar as vendas
 — evitar que tenha muito de uma peça e pouco da outra. Essa separação é feita por um programa de computador, conforme o tamanho da empresa. Quando tudo está pronto, os desenhos são catalogados em uma ficha técnica. Ao fim desse processo, já está organizada toda a coleção dos próximos seis meses.

Produção

O moldista é a primeira pessoa a pegar todos os desenhos da ficha técnica. Ele tenta passar para o papel a ideia do estilista. As peças inviáveis de serem produzidas são substituídas por novos desenhos.

Aquelas que o profissional conseguir fazer o molde são desenhadas no papel e passadas para o computador. Hoje, existe um programa eletrônico que aumenta os moldes em escala para as grades do 38 ao 44. Quando os moldes estão prontos, o pilotista costura a peça-piloto. Ele cronometra o tempo que levou para montar a peça e aponta as principais dificuldades de costurar o modelo. Esses dados são avaliados pela equipe para saber se a peça vale a pena ser fabricada e comercializada. É preciso analisar o custo-benefício do trabalho e executar os últimos ajustes nos desenhos. Quando os moldes e as peças-pilotos estão fechados, a coleção está pronta.

Divulgação

Normalmente, as peças pilotos são desfiladas nas passarelas. Os desfiles são importantes para que o estilista consiga mostrar aos seus compradores o conceito da coleção. Por isso, eles montam cenografia, trilha sonora e, às vezes, até aromatizam a sala de desfile. É importante também para a marca mostrar como foi imaginada a combinação daquelas peças. É nesse momento que todos os nomes mais importantes da cadeia da moda se juntam em um mesmo lugar. A propaganda e o catálogo são desenvolvidos com o mesmo tema das passarelas e distribuídos em publicações especializadas. Após o fim da temporada de desfiles e da divulgação, as fábricas começam a costurar a coleção. Pelo menos 60% do que foi desenhado é fabricado. O restante da coleção é produzido aos  poucos e colocado nas araras ao longo da temporada.

Imprensa

Hoje, os desfiles são transmitidos ao vivo por redes de televisão e pela internet. Eles viraram apresentações disputadas por fashionistas, celebridades, compradores e jornalistas. O crescimento do público democratizou consideravelmente os desfiles, que antes ficavam restritos a uma pequena gama de compradores e jornalistas especializados. Apesar da mudança de difusão da informação, ainda cabe à imprensa especializada assimilar essas informações e traduzi-las para o público. Por isso, editoriais de moda, matérias e sessões de estilo são importante para consolidar o que é e o que não é tendência. O monopólio das revistas de moda, entretanto, está chegando ao fim com a disseminação dos blogs de moda. No século 21, qualquer um pode analisar e dar opiniões sobre o que se vê nas passarelas.

Um pouco de história

Durante séculos, a moda se resumia à alta-costura. Apenas as famílias reais europeias, principalmente a francesa, definiam os modelos que eram aceitos pela aristocracia. Os costureiros basicamente executavam as ideias. As mudanças normalmente ficavam restritas aos tecidos e cores. Os modelos das roupas só mudavam quando o rei casava e chegava uma nova rainha, normalmente de outro país, ao palácio. Para recebê-la bem, a família real adotava alguns dos hábitos do vestuário da nova rainha. Essa regra só mudou com Maria Antonieta. A espevitada rainha da França trocava o estilo do cabelo e dos vestidos sempre que queria. A partir daí, começou o culto à moda francesa, pois todos queriam ser como a rainha.

Ao longo dos séculos seguintes, as coisas mudaram lentamente. Somente com a invenção da máquina de costura, em 1829, foi possível a produção de roupas em massa. A partir daí, o ciclo mudou. O surgimento de nomes como Charles Worth e Paul Poiret fez com que os estilistas ganhassem nome internacional e as regras da moda não ficassem restritas aos desejos de famílias reais. Mas foi a criação da Câmara Sindical de Costura que deu estrutura à indústria da moda. Durante toda a primeira metade do século 20, a organização definiu o calendário de desfiles, a separação de alta-costura e costura e decidiu a sazonalidade da moda, criando o mercado fashion como conhecemos hoje.

O ciclo brasileiro


Enquanto os europeus e americanos desenvolviam a indústria da moda desde o início do século 20, foi apenas nos anos 1970 que o Brasil se preocupou com a questão. Aos poucos, foram surgindo fábricasinteressadas em produzir em larga escala, designers e eventos de moda. As diversas crises econômicas ao longo dos anos, entretanto, foram prejudiciais ao desenvolvimento da indústria, que sofreu com os problemas de variação de câmbio e altos impostos. Há apenas 15 anos toda a cadeia tem conseguido se restabelecer, mais precisamente quando o calendário de moda do Brasil começou a se organizar com o Phytoervas Fashion. Hoje, o Brasil conta com diversas semanas de moda nas principais capitais do país.

Fast fashion


A grande mudança que a internet causou no mundo fashion foi a rapidez da divulgação de informação. Mais pessoas interessadas em moda começaram a ter acesso direto ao que ocorre nos círculos mais fechados do ramo. Isso aumentou o número de consumidores de tendências e informação de moda. Incluindo pessoas que não têm tanto dinheiro para gastar em roupas de designers renomados. Pela velocidade da informação e pela necessidade de roupas legais rapidamente e a preço baixo, as lojas fast fashion cresceram rapidamente nos últimos 10 anos. Elas copiam o que é visto nas principais passarelas e colocam, na mesma temporada, nas prateleiras. As redes têm um papel importante em oferecer moda vanguardista e barata a quem não tem dinheiro para consumir alta costura e prêt-à-porter.

Formadores de opinião

O grupo conhecido como fashionista é o primeiro a usar as tendências vistas nas passarelas. Ele sabe o que está em voga, pois acompanhou as quatro principais semanas de moda: Paris, Milão, Nova York e Londres.

Além disso, assina as principais revistas da área e acompanha os blogs mais bacanas. É essa turma que assume primeiro o risco de adotar as tendências expostas nas passarelas e que define o que fará sucesso nas semanas de moda. Devido à disseminação da informação de moda, os fashionistas podem estar em qualquer local do mundo e ser de qualquer classe social.

Meios não especializados

A disseminação das tendências chega, aos poucos, em pessoas menos interessadas em roupas. Esses consumidores vão assimilando a moda usada pelos formadores de opinião fashion. A mídia de massa acaba reproduzindo que vê nas ruas e nas revistas especializadas. As tendências vão aparecendo em jornais diários, nas novelas e também nas revistas de atualidades. Aos poucos, o consumidor comum começa a criar um desejo de usar esse tipo de roupa, mas não está disposto a pagar muito dinheiro com moda. Assim, surgem as versões mais baratas e menos ousadas.

Lojas baratas

Confecções pequenas que usam materiais de má qualidade começam a reproduzir os modelos com ajustes menos modernos. Isso resulta em peças com cortes ruins e uma oferta muito grande de peças. A disseminação em massa acaba causando falta de interesse nos grupos de formadores de opinião. Nesse ponto, a tendência foi basicamente abandonada pelo grupo.

 
Fim da tendência

Quando a moda da temporada já está nas lojas de departamentos, nas lojas da esquina e foram copiadas exaustivamente por pequenas confecções, os fashionistas já deixaram de usá-las e partiram para outra tendência. É muito difícil definir quanto tempo dura uma tendência e quão rápido ela será disseminada para as massas. Tudo depende se a moda é de estamparia, silhueta ou paleta de cores. São levadas em consideração também todas as peculiaridades regionais. As roupas com volume, por exemplo, são um sucesso na Europa há algumas temporadas, mas não têm muitos adeptos no Brasil. Os vestidos justos de bandagem, por outro lado, rapidamente caíram no gosto das brasileiras.

O giro das tendências

Apesar de o calendário oficial da moda ser bem estruturado, o ciclo de tendência é volátil. Assim que uma moda ganha popularidade, cresce e se dissipa, outra onda de estilo vem logo atrás. Existem três tipos de ciclos de modas.

1. Novidades: ela cresce na mesma velocidade que perde força. Aparecem nas passarelas, são assimiladas pelos fashionistas, vão para as redes de fast fashion e acabam na massa. O percurso é curto e tem duração, normalmente, de apenas uma temporada. Exemplos: blusa tipo cigana, shortinhos, calças enfeitadas.

2. Clássicos: nunca saem de moda. Podem variar as vendas ao longo dos anos, renovarem-se, ganharem novas cores, mas se mantêm consistente ao longo das temporadas. Eles não têm idade ou estilistas. Exemplo: blazer azul marinho, paletó tipo safari, mocassim.

3. Destaques de moda e estilo: aparecem e voltam com regularidade. Podem parecer uma novidade e durar apenas uma temporada, mas, pode ter certeza: cedo ou tarde elas voltarão ao seu guarda-roupa. Exemplo: cintura marcada, manga morcego.

 


Fonte:clicrbs.com.br



sábado, 30 de outubro de 2010

Classe C dita regras - Döhler

Completando 129 anos em dezembro, a Döhler vive uma transformação de olho na classe C. As mudanças exigem investimentos pesados: foram R$ 10 milhões só em equipamentos no ano passado e mais R$ 16 milhões até agosto deste ano. O diretor comercial, Carlos Alexandre Döhler, explica que se trata de uma mudança impulsionada pelo próprio Brasil a partir do final de 2008.

– Uma nova fatia de consumo se destacou no país. As classes C e D passaram a consumir muito mais. Tivemos que adaptar a nossa cultura, a estrutura de vendas e o tamanho da empresa.

Quando mudou o foco para a classe C, a fabricante joinvilense da linha de cama, mesa e banho levou o produto das classes A e B para a C, com a meta de mexer no preço, mas manter a qualidade.

Para fazer isso, investiu nos sistemas produtivos e na modernização do parque fabril. A produção saltou de 600 toneladas por mês, em 2009, para 1,2 mil toneladas mensais este ano. Carlos acredita que a meta da classe C é comprar o mesmo produto da B, com qualidade igual.

Com a diretoria confiante na mudança de cenário, as obras de ampliação

continuam. A tinturaria nova deve ficar pronta em agosto de 2011. A tecelagem, até 2014. E quando 50% da tecelagem estiver concluída, as obras da nova fiação começam.

– Nosso planejamento é uma trilha, não um trilho. Às vezes, saímos da rota, mas depois voltamos – destaca Carlos.

Ele acredita que o Brasil precisará investir em infraestrutura para ampliar o poder de consumo da nova classe média. Feito isso, Carlos espera que o país siga crescendo nos próximos 10 anos.

Na nova leva de investimentos da Döhler neste ano está uma máquina de tecelagem com capacidade para fazer 2 mil metros de tecidos em 24 horas – 10 vezes o que rende um modelo tradicional. O equipamento foi feito sob encomenda, na Alemanha, e custou R$ 300 mil.

Outra prioridade está nos funcionários. A empresa está implantando um sistema de gestão da Toyota, que prevê o treinamento dos 3 mil funcionários do grupo. Começou em 2009 e deve terminar no prazo de seis anos.

– Nossa mão de obra é tecnicamente avançada. São pessoas que se divertem com desafios. Quando nosso foco mudou, existiam dúvidas. Mas os funcionários acreditaram.

Podíamos ter sentado e chorado a perda de mercado nos EUA e a entrada dos produtos chineses – avalia.

A ousadia parece ser uma característica de família. Ao citar o melhor momento da história do grupo, Carlos aponta o crescimento da década de 1960, quando a Döhler saiu da fábrica do Centro de Joinville e mudou para o atual complexo, com cerca de 200 mil metros quadrados de área construída. Pouco depois, em 1973, a empresa embarcou para a Holanda a primeira exportação de tecidos.

Hoje, o mercado internacional representa 14% do faturamento. Embora em menor volume, a exportação ainda é vista como lucrativa. Mas a empresa quer é crescer mantendo o foco nos brasileiros.

 
Fonte:clicrbs.com.br







terça-feira, 26 de outubro de 2010

Quanto você paga pela falta de foco?

A tecnologia e o ambiente de trabalho têm sido fatores determinantes para todo mundo deixar de manter a concentração de determinadas tarefas. Se te perguntassem hoje, neste exato momento, quantas vezes você perdeu o seu foco com outras atividades, ligações, e-mails, redes sociais ou pessoas, provavelmente diria que foram inúmeras as pausas, não é mesmo? Um ingrediente que está em falta no dia-a-dia das pessoas, cada vez mais, é o foco.

A tecnologia e o ambiente de trabalho têm sido fatores determinantes para todo mundo deixar de manter a concentração de determinadas tarefas.

Essa "desatenção" cria, consequentemente, o modelo de "multi-tarefação", ou seja, as pessoas preferem adotar esse método para correr atrás do tempo perdido e realizar todas as pendências em curto prazo. Feito alguns cálculos, consegui avaliar que "multitarefar" pode custar de 1 à 3 horas por dia. Isso quer dizer que, se cumpríssemos apenas uma atividade por vez economizaríamos algumas horas diárias, produzindo o mesmo volume de atividades, em um menor espaço de tempo.

De acordo com pesquisa realizada pela Workplace Options, empresa especializada em serviços de Estrutura Analítica de Projetos (EAP) para analisar o resultado da perda de foco, ao serem questionados, 53% dos entrevistados afirmaram que as distrações no ambiente de trabalho afetam sua produtividade. Segundo Jonathan Spira, co-autor do estudo, estas distrações chegam a custar US$ 650 bilhões por ano! É muito dinheiro gasto de maneira improdutiva, não é mesmo?

A pesquisa ainda questionou os profissionais sobre o uso da tecnologia nas empresas. Para 60% dos trabalhadores, ter um smartphone auxilia no aumento da produtividade. Já 35% afirmaram que esses equipamentos aumentam o nível de distrações durante o dia e, para 50% dos participantes esse padrão se replica na vida pessoal.

Agora, somando o problema dos aparelhos tecnológicos com as redes sociais, a situação se agrava. No estudo, 55% dos entrevistados sentem que acessar esses meios de comunicação no trabalho aumenta um pouco ou de forma significante o volume de distração. Imagine mais da metade de sua empresa deixando de prospectar novos clientes, criar os relatórios do mês ou pensar em novas ações por terem dedicado tempo às atividades circunstanciais, aquelas que não trazem resultados efetivos.

Provavelmente toda a produtividade do seu negócio seria comprometida. Outro resultado importante divulgado na pesquisa remete ao que todos nós já percebemos: 42% dos entrevistados estendem o seu horário de expediente para poder trabalhar sem serem interrompidos. Isso é a tradução de que as pessoas estão precisando de mais tempo para fazer as mesmas atividades que fariam durante um dia normal de trabalho, caso não fossem interrompidas com todas essas demandas.

E esse problema não fica só na pesquisa, há consequências: cerca de 1/4 dos entrevistados conhecem alguém que foi demitido por perder tempo no escritório com esses tipos de distrações. E você, anda perdendo o seu foco?

Veja algumas ações que podem auxiliar para você cumprir suas atividades mais concentrado:

· E-mail – Ficar com e-mail aberto faz o nível de interrupções crescer e aumenta a sensação de atividades por fazer. Defina períodos para lidar com as suas mensagens;

· Redes Sociais – Você usa twitter, facebook, orkut, etc? Controle a ansiedade de ficar conectado a essas redes. Utilize em eventuais intervalos do dia ou no horário de almoço.

· Pessoas – Se muita gente interrompe você, pode ser porque sua comunicação não anda muito adequada. Faça uma revisão de como redige os e-mails, concede informações e delega atividades.

· Ainda está com falta de foco? – Começa uma atividade e em pouco tempo salta para outras tarefas? Se a atividade for grande, quebre em pequenas atividades, feche qualquer outro software que não esteja usando, coloque o celular no silencioso e, se funcionar para você, ouça música.

E lembre-se: não ter foco para cumprir suas atividades diárias pode custar bilhões de dólares! E mais, o problema só tende a se agravar. Então, vá atrás da concentração e seja mais produtivo!

 

Fonte:administradores.com.br













Qualidade, custa ter? -

Durante ao menos 12 anos, tenho trabalhado junto ao varejo de moda e confecções, principalmente na área da qualidade, tanto dentro de própriodepartamento de controle de qualidade, como também oferecendo apoio técnico e treinamentos, para equipes de desenvolvimento de produtoe vendas.

Algumas situações, valem à pena serem refletidas e analisadas, não apenas devido à importância que representam para a evolução do setor, mas também pelo impacto que causam dentro das empresas, junto aos clientes, e por serem situações que sistematicamente se repetem.

Foi-me oferecido este espaço para que eu possa dividir minhas experiências e pontos de vista com vocês, leitores e colegas de profissão.

Sem a pretensão de querer trazer verdades absolutas ou incontestáveis, o que seria ingenuidade de minha parte, irei tentar expor experiências ou situações vivenciadas, técnicas estudadas e caminhos que podem se avaliados e percorridos. Espero que seja proveitoso e útil, a todos que aqui me visitarem. Só assim poderei agradecer a oportunidade recebi para me comunicar com o setor, e também agradecer o tempo dedicado por vocês a estas leituras.

Mãos à obra, que hoje vamos refletir sobre aprimoramento da qualidade e custos envolvidos neste desafio. Antes de mais nada, vamos rever do que se trata a qualidade. O que significa esta palavra durante o processo de fabricação? E para o desenvolvimento de produtos? E para o consumidor final?

Fico imaginando vocês lendo este “ponto de vista”, e surgindo em suas mentes, alguns termos como: “menor custo possível”, “beleza”, “design”, “durabilidade”, “preços baixos”, “aumento de custos”, “sofisticação”, “praticidade”, “atendimento personalizado”; “auto-atendimento”, “luxo”, e por aí vai... O que posso dizer de ante-mão, é que todos estão certíssimos.

Qualidade nada mais é do que adequação do produto às necessidades, desejos e anseios do cliente final, o valor possível de ser medido e o “percebido”; aliados aos menores custos e mais correta técnicas de produção e distribuição; com um desenvolvimento de produtos cuidadoso, não apenas em termos de design e visual, como também de durabilidade do produto e custo final, de acordo com as expectativas de quem irá consumir. Acredito que neste resumo, tenha conseguido inclui alguns conceitos já amplamente difundidos por estudiosos da área, como:

“adequação ao uso”, “custos da qualidade”, “definição e respeito à especificações”, “metodologias, avaliações, matérias-primas, equipamentos e treinamento adequados”, “foco no cliente (e foco do cliente)”, “melhoria contínua” e “valor”.

 Escolhi por abordar neste momento, a questão dos custos, pois muitas vezes é visto como o vilão e o limitador da melhoria da qualidade. Isto ocorre principalmente, quando não é feita uma análise cuidadosa e criteriosa, e nem seu detalhamento.

Acredito que para se realizar esta avaliação de maneira consciente e estruturada, a escolha por utilizar a metodologia de análise de custos, já amplamente difundida e discutida pelo autor Philip Crosby, seja um excelente caminho.

Apresento a seguir uma classificação tradicional de custos da qualidade, para que sirva não apenas de reflexão, mas também como uma técnica possível de ser aplicada e avaliada.

Custos de Prevenção

São todos os custos relacionados às atividades que tem por objetivo evitar que ocorram falhas durante o desenvolvimento de produtos, o processo produtivo, a distribuição ou no pós-venda. Vamos a alguns exemplos desta atividades:

■Pesquisas de satisfação de clientes

■Definição e aprimoramento de especificações

■Testes e acompanhamento de produtos em campo

■Criação de critérios para a escolha e avaliação de fornecedores

■Treinamento dedicados à qualidade

■Melhorias em equipamentos e processos produtivos

Custos de Avaliação

São todos os custos relacionados às atividades que tem por objetivo medir a qualidade alcançada, seja ela durante o processo produtivo ou do produto acabado.

Ou seja, envolvem as medições e avaliações de matérias-primas, processos e produtos.

Seguem alguns exemplos:

■Inspeções internas ou no fornecedor de produtos acabados

■Avaliações de matérias-primas

■Ensaios e equipamentos de laboratório necessários

Custos de Falhas

São aqueles custos involuntários, e que ocorrem devido a erros durante o desenvolvimento ou a produção, ou seja, são conseqüência da falta de qualidade. Estas falhas podem ocorrer internamente (antes da entrega do produto) ou externamente (no pós venda, quando o produto já foi entregue ao cliente).

São alguns exemplos de falhas internas:

■Produtos separados em 2ª qualidade

■Sobras de matérias-primas em excesso e estocadas

■Retrabalhos e reinspeções

■Perdas de materiais (tecidos, aviamentos, insumos)

■Multas por atraso ou abatimento em preços

■Imagem da marca/empresa

Exemplos de falhas externas:

■Assistência técnica ligada a reclamações de clientes

■Substituição de produtos

■Manuseio, transporte e reparos envolvidos

■Multas

■Imagem da marca e perda de clientes (estes mais difíceis de serem quantificados, mas não menos importantes) Estes levantamentos podem ser mais ou menos detalhados, conforme características e necessidades da empresa, o mais importante é iniciar, medir sempre e comparar a evolução. Um aumento em custos d avaliação e prevenção podem num primeiro momento “assustar”, mas são os
que garantem a médio e longo prazo, a redução nos custos de falhas, os quais são geralmente bem maiores e trazem conseqüências muitas vezes desastrosas às empresas.

A economia nas fases de avaliação e prevenção, sem uma criteriosa análise de custos de falhas, pode mascarar situações onde ocorrem grandes perdas financeiras, além de transtornos, perdas na imagem e na credibilidade. Sem falar na “bola de neve” dos atrasos na entregas.

Afinal então, qualidade, custa ter?

Não, o que custa é não ter!

Espero ter contribuído positivamente com o trabalho de vocês e que estas informações possibilitem o aprimoramento ou início de um trabalho voltado à análise de custos da qualidade.

Desejo a todos um excelente trabalho! Enviem suas dúvidas e opiniões, para o meu-mail carla@anme.com.br sempre que desejarem.

Por: Carla Angelini

Engenheira textil, proprietária e consultora da empresa ANME.

 






Fonte:textilia.net

sábado, 23 de outubro de 2010

O que se passa no Bangladesh?


Neste artigo de opinião, Mike Flanagan compara e contrasta as opções políticas na China e no Bangladesh e  sugere que estas desempenham um papel fulcral para a diferença na  vitalidade das empresas dos dois países exportadores de vestuário.

Duas histórias igualmente paradoxais do comércio de vestuário contribuíram mais para explicar o estado actual do sector do que  qualquer outro acontecimento, segundo opina Mike Flanagan, CEO da  Clothesource Sourcing Intelligence, uma consultora britânica  especializada no sector do vestuário.

Enquanto os média ocidentais especulavam sobre a saída dos compradores de vestuário da China, porque os salários estavam a subir, as exportações chinesas de vestuário registaram uma alegada subida de 27% em termos anuais em Junho, elevando o crescimento no primeiro semestre para os 15,3%. Os preços do vestuário chinês para os EUA estavam efectivamente mais baixos em Maio (o último período para o qual existem dados suficientes) do que no início do ano.

Mas no Bangladesh, vimos a indústria de vestuário ser gravemente perturbada em Julho, à medida que as fábricas foram obrigadas a encerrar devido à generalização dos tumultos violentos. A revolta foi uma reacção por parte de alguns trabalhadores ao anúncio de que o salário mínimo mensal aumentaria 80% a partir de Novembro, passando dos 1.662 BDT (24 dólares) para os 3.000 BDT (43,50 dólares). E estes são, possivelmente, os primeiros distúrbios na história causados pela quase duplicação dos salários.



Grande parte da diferença entre a saúde das empresas de vestuário dos dois países é resultado das políticas dos seus governos.



Os salários mínimos na indústria de vestuário do Bangladesh são terríveis. O salário mínimo fixado em 2006 (com base nos custos de 2005) era pavoroso na altura e, apesar da acelerada inflação dos alimentos, nada foi feito para ajustar o salário desde então. Na China, pelo contrário, a política do governo exigiu reajustes salariais regulares.

No final de Abril, no decorrer do último surto de violência, o ministro do trabalho e dos recursos humanos do Bangladesh, Mosharraf Hossain, disse que uma nova tabela salarial de base para a indústria de vestuário seria “implementada antes do mês do Ramadão” (que este ano começou no dia 11 de Agosto). Poucos dias depois, a primeira-ministra do país, Sheikh Hasina Wazed, foi alegadamente mais longe, prometendo que o salário mínimo seria triplicado para os 5.000. BDT. Ela caracterizou, repetidas vezes, o salário mínimo como sendo “desumano”.Independentemente do que os governantes da China possam pensar dos salários base do país, eles mantiveram as suas opiniões para si mesmos, ou partilharam apenas com os outros decisores. Nenhum político chinês comprometeu-se com algo que não pudesse garantir.

Os proprietários de fábricas no Bangladesh deixaram claro que nem a triplicação dos salários, nem a aplicação universal em Agosto, eram possíveis sem o encerramento generalizado de empresas. Eles fabricam a  preços contratados: a duplicação imediata ou a triplicação de qualquer custo significativo implicaria prejuízos e acabaria com as empresas pouco capitalizadas, muitas oscilando próximas da falência, que constituem a maioria da indústria de vestuário do país. O governo do Bangladesh não fez absolutamente nada para tornar concretizável a sua alegação irresponsável de uma triplicação do salário.

Na China, as alterações aos salários mínimos têm andado de forma consistente em conjunto com um anúncio, realizado com uma antecedência significativa e com a preparação dos bancos para alargarem o crédito.

 
Mas duas novas cartas entraram em jogo.

Em primeiro lugar, em 21 de Julho, um grupo de activistas políticos britânicos e norte-americanos patrocinou um anúncio (em bengali) na imprensa do Bangladesh, aconselhando os negociadores dos trabalhadores  não se contentarem com “Nem uma taka menos de 5.000”.

Os activistas foram liderados pelo sindicato norte-americano United Steelworkers e pelo sindicato britânico Unite, nenhum dos quais com qualquer ligação séria ao sector do vestuário. Com ou sem razão, muitos

donos de fábricas no Bangladesh estão convencidos que a agitação dos trabalhadores está a ser incitada por agitadores estrangeiros.



Á partida pode-se pensar que os trabalhadores que ganham 24 dólares por mês não precisam da ajuda de agitadores estrangeiros para se irritarem com os seus salários. Mas será que algum dos estrangeiros que  pagou esta propaganda achou que estava realmente a ajudar à situação?

Na prática, o anúncio acabou por fornecer as empresas do Bangladesh com mais evidência de que a campanha dos trabalhadores foi uma conspiração estrangeira para destruir a única indústria com sucesso no  país. E isso nunca teria sido permitido na China.

Em segundo lugar, se os trabalhadores estavam irritados em Abril, estavam ainda mais irritados em Julho. Quando as negociações salariais começaram, a inflação no Bangladesh estava a começar a cair e a inflação nos produtos não alimentares ainda está a cair. Mas a inflação nos alimentos, o único indicador que interessa aos trabalhadores de vestuário com o salário mínimo, está em ascensão: os preços do arroz subiram entre 18% e 32% em Maio, de acordo com a Trading Corporation do Bangladesh.



Mesmo que o banco central do país concorde que «os ganhos com a inflação vão para os ricos, enquanto os problemas vão para a população de baixo rendimento», os preços dos alimentos básicos vão agravar-se.

Não é apenas o arroz, com a doença a atacar o trigo proveniente do Punjab na Índia, e a seca e os incêndios a destruírem um quinto da colheita de trigo da Rússia, o preço global da farinha de trigo está prestes a aumentar.

Na segunda parte deste artigo, Mike Flanagan revela qual seria, na sua opinião, a atitude da China numa situação semelhante.


As expectativas irrealistas

Depois do aumento nos preços dos alimentos em Maio, os passos seguidos  no Bangladesh até ao final de Julho foram dolorosamente previsíveis. Os  trabalhadores esperavam um aumento salarial imediato porque o governo  disse que iam recebê-lo. As fábricas não o podiam pagar, mas quando foi  feito o anúncio de um aumento salarial de 80%, os trabalhadores estavam mais irados do que há poucos meses antes. E os proprietários das  fábricas tinham todas as evidências que precisavam de que a ira era  resultado da interferência estrangeira.

Mas, o que faria a China nestas circunstâncias?

- Primeiro, certificar-se-ia se as empresas podiam pagar salários decentes. A maioria da propaganda activista gosta de fingir que as 5.000 fábricas de vestuário do Bangladesh são propriedade de imundos  capitalistas, que poderiam facilmente pagar ordenados decentes.

Eles não são capitalistas. As fábricas são administradas por empresários apavorados, muitos a apenas um mau relatório de qualidade de distância do colapso, e quase todos financiam as suas operações com o que pouparam durante uma vida que começou como trabalhador de vestuário com o salário mínimo.

Eles pagam mal porque estão sufocados com as taxas de juro excessivamente elevadas sobre os escassos empréstimos que conseguem contrair nos bancos, pagando fontes de energia incertas, eternamente a  necessitarem de expedir encomendas via aérea devido aos atrasos resultantes de greves e gastando o pouco que lhes sobra para subornarem funcionários na alfândega e assim conseguirem desalfandegar vestuário e  matérias-primas em tempo útil.

Na China, o ambiente de trabalho mais favorável às empresas não é, ao contrário do que os activistas muitas vezes querem fazer crer, uma exploração constante dos trabalhadores. O ambiente empresarial favorável passa pelo acesso ao financiamento, a fontes de energia fiáveis e a funcionários aduaneiros mais ou menos honestos, eficientes e rápidos.

- Em segundo lugar, a China teria, brutalmente se necessário, evitado a intromissão de estrangeiros. Não se trata de defender esta posição, mas existe uma diferença abismal entre as acrobacias propagandeadas  pelos sindicatos do aço e aviação por um lado e a negociação silenciosa, diligente e devidamente informada dos grupos de pressão nos bastidores com sindicatos de trabalhadores que compreendem o sector.

- Em terceiro lugar, o governo chinês não se teria metido nesta confusão. Ao impor legalmente aumentos salariais anuais, de acordo com o aumento do custo de vida, e incentivado o início de sindicatos nas  empresas, as tensões entre os trabalhadores não teriam chegado ao estado em que hoje se encontram no Bangladesh.

- Em quarto lugar, a China teria interferido na economia. Encontrando formas de limitar o efeito da subida dos custos dos alimentos e forçando os bancos a assegurarem que as empresas tinham crédito acessível para sobreviverem durante um aumento dos custos.

- E quinto: não iria culpar os seus clientes. Os donos das fábricas no Bangladesh estão a dizer agora que só podem pagar o aumento salarial de 80% se os retalhistas ocidentais pagarem mais. Mas se os preços  subirem no Bangladesh, por que razão qualquer comprador enfrentaria as dificuldades de operar no país? Os compradores responsáveis precisam dar alguma margem de manobra ao Bangladesh, mas eles não podem continuar a fazer isso indefinidamente, quando outros países, como a China, oferecem um serviço mais confiável.

Ser governo numa democracia indisciplinada como o Bangladesh não é fácil. Mas a economia deste país, mais do que qualquer outro país do mundo, está assente na sua capacidade de vender roupas para algumas  dezenas de cadeias de retalho europeias e norte-americanas.

Existem realmente lições a serem aprendidas com a China na forma como a acção do governo ajuda a impulsionar o negócio, melhorando também a condição económica dos seus trabalhadores. A evidência neste preciso momento é que o crescimento das exportações de vestuário da China pode coexistir com a melhoria contínua dos padrões de vida dos trabalhadores.

Já está na altura de pararmos de atacar a China pela sua suposta fraca ética ou pelos alegados subsídios desleais e começarmos a aprender como este país está a alcançar algo que parece cada vez mais improvável no Bangladesh.


Fonte:.portugaltextil.com



Lidando com pessoas difíceis


No ambiente de trabalho, é muito comum termos dificuldades de relacionamento com algumas pessoas. Pode ser um chefe arrogante e autoritário, que trata a todos como se fosse o dono da verdade. Um cliente grosseiro, que fala conosco como se estivesse fazendo um grande favor. Pode ser um colega com quem divergimos o tempo todo e nem precisa abrir a boca para nos tirar do sério. Ou o gerente de outro departamento, que não está nem aí para a urgência de nossos projetos e demora séculos para assinar uma folhinha de papel. Se pelo menos fosse possível evitar o contato com “aquela” pessoa... O problema é que temos de nos relacionar com ela, trabalhar com ela, vender para ela. Como fazer, então?



Não é fácil lidar com pessoas que colidem conosco, são mal-educadas, negativas, cabeça-dura ou antipáticas, mas é possível, e a primeira coisa a fazer é não entrar na sintonia delas. Procure pensar assim: se a pessoa é arrogante, pessimista, provocadora ou seja lá o que for, o problema é dela. Você não tem nada a ver com isso! Cada um é como é, fazer o quê?! Assim, durante a conversa, mantenha a consciência de quem você é, o que quer e o que não quer. Sinta seus pés no chão, mantenha atenção à respiração e converse com calma. Pense antes de falar, evitando disparar reações automáticas, mantenha o controle emocional e o discernimento. Tente não se deixar “contaminar” pelo astral do outro e a conversa pode fluir muito melhor!



Caso você não consiga manter o equilíbrio e acabe ficando alterado, com vontade de esganar o sujeito, relaxe com a terapia da risada: ela é ótima para amenizar situações de tensão e raiva. Quando você estiver sozinho, faça o exercício de rir de boca fechada, deixando o som da risada ecoar por todo o corpo. Rir por dentro pode parecer coisa de maluco, mas tem lá sua lógica, pois as vibrações do riso têm a propriedade de combater as tensões. A propósito, o riso de boca aberta tem o mesmo efeito.



Pode ser que, nos encontros seguintes, você tente não entrar na sintonia da pessoa difícil, mas não consegue evitar bater de frente com ela. Então fica nervoso de novo e tem de relaxar mais uma vez. Pode ser que a situação se repita várias vezes, mas uma coisa é certa: no decorrer do tempo, algo pode mudar. Se você verdadeiramente persistir na idéia de manter o equilíbrio, sem perder de vista o que realmente quer e o que não quer, perceberá que a outra pessoa o afeta cada vez menos.



Na verdade, o relacionamento com pessoas que parecem atrapalhar nossa vida nos traz uma grande oportunidade de auto-aperfeiçoamento, pois o que nos incomoda nos outros é justamente o que não apreciamos em nós mesmos. Em outras palavras, os defeitos que vemos no outro são os mesmos que nós temos. Compreende? Suponhamos que você tenha dificuldades para se relacionar com uma pessoa extremamente competitiva, que deseja mostrar que é a melhor em tudo o que faz. No fundo, no fundo, você fica incomodado porque também é competitivo e não quer se sentir inferior a ninguém. Faz sentido, não faz? Se não fosse competitivo, não daria a menor bola para a mania de "aparecer" dos outros. Simplesmente trataria com eles da melhor forma possível e depois diria a si mesmo: “Eu, hein?!”



A dura verdade é que os outros nada mais fazem do que refletir o nosso próprio interior, apontando os aspectos da personalidade que precisamos trabalhar. Quer saber de uma coisa? Deveríamos mesmo é agradecer às “pessoas difíceis” de nossa vida, pois, mesmo sem querer, elas estão nos ajudando a crescer.



*Leila Navarro é coach, escritora e palestrante há mais de 10 anos, tendo consolidado, neste tempo, um forte nome no Brasil e no exterior. Ao abordar temas Comportamentais, de Liderança, Gestão de Pessoas, Vendas e Empreendedorismo, já teve suas palestras assistidas por mais de um milhão de pessoas e hoje integra o ranking dos 20 maiores palestrantes do Brasil, segundo a Revista Veja. Além disso, já ganhou por duas vezes o Prêmio dos 100 Melhores Fornecedores de RH – Categoria Palestrante do Ano (2005 e 2009).

Para saber mais sobre Leila Navarro, acesse:

www.leilanavarro.com.br



Fonte: Jornal Carreira & Sucesso - 407ª Edição

Como não perder tempo com as redes sociais


Há alguns anos, quando falávamos sobre redes sociais - ou mais especificamente o Orkut (que era a rede predominante na época) - a maioria das pessoas achava uma perda de tempo, que eram desnecessárias, coisa de adolescente ou apenas para diversão. Em pouco tempo, essa percepção foi totalmente alterada.



Podemos comparar a entrada das redes sociais com a entrada do celular na vida das pessoas. No começo, muita gente jurava que nunca precisaria de um celular e que era o “fim dos tempos” ter que andar com o telefone no bolso. Hoje em dia, a grande maioria dos brasileiros não consegue mais viver sem o seu aparelho.



As redes sociais entraram para ficar na vida das pessoas e das empresas e isso obviamente afetou o nosso tempo de alguma forma. Se usar bem essas ferramentas, você pode aproveitar os benefícios. Agora, se usar mal, vai conseguir mais um “ladrão de tempo” para se perder na sua rotina.



Muitas empresas me questionam se devem ou não liberar o acesso às redes sociais na empresa, e digo que deve ser proibido apenas se sua empresa revista os funcionários e proíbe a entrada de celular. Caso contrário, tem de estar liberado! Rede social é parte da vida e do tempo de todo mundo, ajuda a impulsionar muitos negócios, gera networking, contrata pessoas, busca informações, ajuda a pessoa a relaxar, a se comunicar, etc.



Na minha visão, as empresas e você precisam se preocupar como o uso consciente da ferramenta ou, do contrário, a má utilização pode matar sua produtividade por completo. Se mesmo assim achar que deve bloquear, então use um meio termo: libere nos horários pré e pós-expediente.



Veja algumas dicas sobre como não perder tempo com as redes sociais:



• Participe de redes sociais relevantes – Você não precisa estar em dez redes sociais, selecione as mais relevantes e que tenha o maior número de pessoas conectadas a seus objetivos. Eu participo apenas de quatro redes (atualizo pessoalmente): Twitter, Facebook, LinkedIn e Orkut. O resto não me agrega.



• Desabilite os avisos de recados e mensagens – Configure suas redes para não ficar te avisando, apitando ou enviando e-mails a cada nova mensagem ou scrap que você receber. Se você visualizar todos os avisos, vai perder um tempo que você nem imagina e o que os olhos vêem, a curiosidade não consegue controlar, não é?



• Tenha horários – Assim como no e-mail, nada de ficar com a rede aberta toda hora. Defina horário ou dias para atualizar e olhar suas redes. Costumo olhar minhas redes sempre de noite ou aos domingos. O twitter, quando estou na empresa, vejo três vezes por dia e olhe lá.



• Utilize Softwares – Existem milhares de programas que ajudam você a atualizar suas redes sociais de forma simples e integrada. Recomendo o Tweetdeck, ele integra todas as minhas redes, ou seja, basta escrever uma vez para todas as redes serem atualizadas. O Echofon para Firefox também é excelente. Para celulares, existem diversos, basta dar uma pesquisada para encontrar algum com a sua cara.



• Dica para o twitter – Como o twitter está na moda, a minha dica é: siga poucas pessoas, mas com conteúdo relevante. Se você seguir muita gente não deve estar usando o twitter como fonte de conhecimento e provavelmente ele não deve estar agregando muito valor ao seu dia-a-dia, pois acaba tendo tantas mensagens que dificilmente você vai ver.



Redes Sociais é a invenção mais nerd que deu mais certo no mundo dos “pops”! Impossível viver sem, mas não se perca por causa dela, saiba usá-la com sabedoria e não jogue seu tempo no lixo!



*Christian Barbosa é cientista de computação e o maior especialista no Brasil em administração de tempo e produtividade. Abriu sua primeira empresa aos 15 anos e foi um dos profissionais mais jovens do mundo a receber o certificado da Microsoft. Fundador da Triad Consulting, empresa multinacional especializada em programas e consultoria na área de produtividade, colaboração e administração do tempo, Christian dá treinamento e palestras para as maiores empresas do país e da Fortune 100, e é autor dos livros A Tríade do Tempo e Você, Dona do Seu Tempo, Estou em reunião e Mais tempo mais dinheiro.



Conheça mais do trabalho de Christian Barbosa acessando o site www.triadedotempo.com.br e www.maistempo.com.br



Fonte: Jornal Carreira & Sucesso - 407ª Edição

O sucesso vem do berço?

A infância é o momento mais importante da formação de nossas personalidades. É nela em que estabelecemos parte de nossos padrões de comportamento. Mas, será possível influenciar e moldar a personalidade das crianças colaborando com seus futuros pessoais e profissionais?

Até que ponto as experiências que temos nos primeiros anos de vida podem determinar nossos sucessos ou fracassos na vida profissional? É surpreendente, mas nossa infância é determinante naquilo em que nos tornamos quando adultos. Para entender melhor, é preciso relembrar alguns conceitos das aulas de Biologia.

Nascemos com cerca de 100 bilhões de células nervosas – os famosos neurônios – que, quando formam conexões entre si, realizam as chamadas sinapses. De zero aos três anos, estas conexões são construídas de forma muito acelerada. Aos três anos, uma criança já formou aproximadamente 1,5 quatrilhão de sinapses (quase três vezes mais do que um adulto possui).

A partir dos quatro anos, a tendência do cérebro é se especializar, deixando ainda mais fortes as sinapses estruturais, aquelas que darão sentido aos nossos padrões de pensamentos, comportamentos, valores e princípios. Ao final da adolescência, restam apenas cerca de 500 trilhões de conexões, e a maioria delas permanecerá pelo resto da vida.

É por isso que os primeiros anos são tão importantes: é neles que formamos a base de nossa personalidade.

E afinal, o que isso tem a ver com sucesso profissional? James Heckman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia no ano 2000, afirma que há evidências científicas de que dois tipos de habilidade têm enorme influência sobre o sucesso na vida de uma pessoa: as capacidades cognitivas, relacionadas ao QI (Quociente de Inteligência), e as habilidades não cognitivas, ligadas ao QE (Inteligência Emocional).

Segundo Heckman, as crianças que não desenvolvem suas principais capacidades pessoais nos primeiros anos de vida terão muito mais dificuldade em assimilar tais habilidades e conhecimentos na vida adulta.

A personalidade é a resultante da interação da hereditariedade com o ambiente, ou, como disse o cientista Matt Ridley, "o gene carrega a arma, e o ambiente puxa o gatilho". Nascemos geneticamente cheios de tendências e aptidões, mas o meio no qual fomos criados e as experiências que vivenciamos é que definirão nossos pontos fortes e pontos fracos. Muitas dessas competências podem ser estimuladas desde a infância, por meio do estudo formal, do incentivo à leitura, aos jogos, e principalmente pela convivência com cuidadores.

Porém, isso não significa que devamos encher nossos filhos de atividades e estímulos, ultrapassando seus limites e capacidades. Analise um grupo de crianças a partir dos oito anos em sala de aula e você verá cada um desempenhando um papel consistentemente diferente: há a líder, a divertida, a criativa, a intelectual, a esportista, a meticulosa, a agressiva, a questionadora...

Entre os oito e dez anos a criança percebe em que atividades se destaca e em quais tem dificuldade ao se comparar com as outras. Assim, ela tende a se especializar onde funciona melhor. Devemos ficar atentos a essas tendências sem nos esquecer que não somos capazes de moldar a personalidade de nossos filhos. Estas aptidões poderão se transformar em talentos ou pontos fortes, e contribuirão de forma decisiva no sucesso profissional e emocional do futuro adulto.

Não há um manual de como formar filhos inteligentes e bem sucedidos, pois, as experiências vividas por eles são únicas. Porém, podemos ajudá-los a aperfeiçoar suas aptidões, auxiliá-los em suas decisões, e apoiá-los onde houver limitações. Mais do que estímulos, a formação de uma personalidade "saudável" se deve aos bons exemplos que damos, e em uma mistura equilibrada entre carinho e limites.

Eduardo Ferraz é consultor em Gestão de Pessoas e especialista em treinamentos e consultoria In Company, com aplicações práticas de Neurociência. Possui mais de 30.000 horas de experiência em empresas que precisam de diagnósticos rápidos e resultados imediatos nodesenvolvimento econômico e social.


Fonte:administradores.com.br








sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SER SUSTENTÁVEL COM ESTILO

Chiara Gadaleta durante palestra MODA SUSTENTÁVEL (ontem, 21/10) na Livraria Cultura se disse excitada com o momento propício : “estamos vivendo a nova era da moda, escrevendo uma outra história, bem diferente do modelo que tinhamos, por isso estou aqui, para chamar atenção de forma positiva e glamourosa”.

Disse que a moda tem o poder de virilizar mensagens, daí as responsabilidades de quem faz o produto e de quem consume e juntos melhorar o coletivo.


Recém chegada de Salvador, nos trouxe a grata informação que finalmente o Governo Federal “entende a Moda como Cultura”, a partir desse entendimento muita coisa pode ser planejada e realizada.

A palestra durou uma hora apenas, mas poderia ter se estendido por horas a fio, pois Chiara fala com propriedade, fruto de seus estudos nos útimos três anos. Dissertou sobre os processos sistêmicos, pensamento colaborativo e ação, a interdepêndia em todos os setores da cadeia produtiva que envolve o capital natural (os recursos da natureza) e o capital humano. “É preciso valorizar uma economia criativa e principalmente quebrar paradigmas nesse novo movimento, por isso ser sustentável com muito estilo.

Citou técnicas, tais: a reutilização dos produtos acabados (estoques de médias e grande empresas) e do Vintage, upcycling (reciclagem e reaproveitamento do que já existe e foi consumido, ou do produto que supostamente teve seu ciclo de vida acabado,

“Precisamos valorizar a cultura do Brasil, a valorização das habilidades locais, artesanato + design é uma grande arma que o país tem nas mãos, e eu não entendo como isso ainda não acontece como algo maior”, o feito a mão (demi couture – meia alta costura) é muito chique, é lindo, esse feito por encomenda incentiva o slow-fashion e promove uma moda com mais qualidade, e ainda evita o estoque desnecessário das marcas. “Não precisamos ser eco-chatos, uma pequena ação já vale, por isso estejam atentos a sua contribuição por um mundo melhor, com menos desperdício, o novo luxo é de merecimento ao contrário do passado recente que designava luxo por ostentação. Lembrem-se sempre cada pequeno ato é importante, Moda Sustentável é um prestígio”


Resumindo: a palestra com Chiara foi um LUXO só.





Para saber mais do movimento sustentável acesse: http://www.sersustentavelcomestilo.blogspot.com

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Modelos militares enrando na moda


Quem diria que o modelito obrigatório usado nas fábricas de munição durante a Segunda Guerra Mundial iria virar peça fashion? Inteiriço, commangas e calças curtas ou compridas, um macacão na vitrine sempre nos chama pra dentro da loja. Principalmente, quando vemos modelos com tanta personalidade.

Usado pelas mulheres a partir do século XX, na década de 60 o macacão foi escolhido por ser confortável. Já nos anos 80, o macacão ganhou “fama fashion”. O modelo mais usado era fechado por zíper ou abotoado do umbigo até a gola. Vivemos um retorno dos anos oitentinha e o macacão na releitura atual ganha minimalismo no design, onde os botões muitas vezes são colocados para não aparecer e as mangas são mais sequinhas no braço.
Noite e dia

Feito de algodão para ser usado durante o dia e em cetim ou seda para a noite, os modelos aparecem adornados por bolsos, abas, fivelas ou numa versão mais chique com aplicações de bordados.


Mas cuidado: o macacão pode ser perigoso se for usado num estilo infantil por mulheres a cima de 30. Já o macaquinho, fechado com botões na frente ou no estilo uniforme, pode ser usado com cintos e salto alto.

Transformado, assim, numa peça mais charmosa e sensual para essa faixa de idade.


Casualidade e elegância


O macacão pode ser usado nesta estação e aproveitado no mix de tendências 60, 70 e 80. E desfila por aí em referências rústicas em bege para o estilo africano, com uma silhueta mais volumosa sem cintos e amplo no corte no estilo urbano. Em cores intensas e curtinho como nos anos 60 no modelito retrô. E até com tecidos sintéticos high-tech em branco, preto e nude ganhando formas aerodinâmicas com a tendência do esporte.


Siga as dicas para usar o seu macacão:



- Você pode complementar com acessórios sutis como cintos, lenços e broches

- Escolha um macacão neutro em tom de preto e abuse de pérolas num estilo Chanel de ser

- O macacão de paetês pode ser apenas usado nas noites com sapatos neutros

- O macacão transparente não pode ser usado em locais de trabalho

- Se quiser um look antenado, aposte no macacão nude com acessórios étnicos!

- As cores cítricas são bacanas para um visual moderninho de verão

 


Fonte:correiodoestado.com.br









quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Riachuelo quer virar fashion

Conhecida como uma rede varejista de moda popular, a Riachuelo terá hoje o seu dia de glamour. Logo mais à noite, apresentará em São Paulo sua coleção de baixo custo, assinada pelo estilista Oskar Metsavaht, dono da grife carioca Osklen, e um dos nomes mais badalados do mundo fashion no País. Muita gente do meio se surpreendeu com a parceria entre uma rede de moda popular e um ícone das passarelas. A rigor, porém, isso não é exatamente uma novidade, embora seja pouco usual nos dias de hoje na Riachuelo. "Na década de 1970 já fazíamos parceria com ícones da moda", diz Flávio Rocha, presidente da Riachuelo. Na época, conta ele, a Riachuelo lançou uma coleção do estilista baiano Ney Galvão. De lá paracá, estilistas como Marcelo Sommer e Fause Haten também já penduraram suas criações nas araras da Riachuelo. "Essas parcerias fazem parte da filosofia de empresa de democratizar a moda", diz Rocha. A coleção de Oskar conta com 100 peças de roupas e acessórios masculinos e femininos, com preços a partir de R$ 29,90. "Esse conflito entre o que é moda para a classe alta e baixa está desatualizado", diz Rocha. "Prova disso é que foi o próprio Oskar quem nos procurou para fazermos negócio."


Expansão. A parceria com Oskar é apenas uma das iniciativas da Riachuelo para avançar em um setor aquecido e cada vez mais competitivo. A rede está pensando grande. Enquanto colhe os louros da parceria com Oskar Metsavath, Rocha dedica boa parte do seu tempo para colocar em ação o plano de expansão da Riachuelo, segunda maior rede nacional do varejo de vestuário e acessórios, com faturamento de US$ 1,6 bilhão em 2009, atrás apenas da Renner, que faturou US$ 1,8 bilhão. Segundo ele, o grupo potiguar Guararapes, controlador da Riachuelo, vai investir R$ 1,7 bilhão até 2013 para dobrar sua área de vendas, de 240 mil metros quadrados para 480 mil metros quadrados no período, ampliando a rede, das atuais 110 para 190 lojas , nos próximos três anos.

Na ponta do lápis, a expansão deve abrir 8 mil postos de trabalho, aumentando para 22 mil o contingente de empregados. "É a expansão mais agressiva da história da empresa", afirma Rocha. Fundada pelo empresário Nevaldo Rocha, pai do atual presidente, o Grupo Guararapes faturou R$3,9 bilhões no ano passado. Além da Riachuelo e da confecção que leva o seu nome, o grupo é dono, ainda, de um shopping center, o Midway Mall, em Natal, a capital do Rio Grande do Norte.

 
Fonte:estadao.com.br

Itens tecnológicos "roubam" espaço da moda

A moda não está na moda. A afirmação pode parecer contraditória, mas reflete a visão do empresário Nelson Alvarenga sobre o que se passa hoje na cabeça do consumidor. Para o criador da Ellus e sócio da Inbrands, holding fundada em 2007 que atua no segmento de consumo de alto padrão, produtos de vestuário com design elaborado estão perdendo espaço para itens tecnológicos e investimentos em experiências, como viagens para o exterior, como símbolos de status.

"Outros produtos surgiram e são identificados como sinal de status, um lugar que antes era ocupado pela moda", disse Alvarenga, no congresso da Federação Internacional da Indústria Têxtil (ITMF, na sigla em inglês), que reúne cerca de 300 empresários de 40 países em São Paulo até hoje. Segundo ele, a tecnologia e, principalmente, a internet, tem efeitos sobre os hábitos de consumo de moda.

"A internet leva as pessoas para dentro de casa, e nós vendemos produtos para que as pessoas saiam de casa", explica. Como um produto que vende valores intangíveis como confiança e beleza, a moda é feita para ser exibida socialmente. Mas apesar da onda de interesse por produtos tecnológicos - como smartphones e notebooks -, Alvarenga acha que esse é um ciclo que vai passar. "Apesar desse ciclo de paixão desenfreada por tecnologia, sabemos que a moda deve entrar na moda de novo."

Hoje, oito marcas compõem o portfólio da Inbrands. Além da recém negociada associação com a Richards - que trouxe consigo a grife de roupas de praia Salinas e de surfwear Bintang - , fazem parte holding Ellus, 2nd Floor, Isabela Capeto e Alexandre Herchkovitch. O grupo também tem participação no São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio, além  da Rio-à-Porter, uma feira de negócios voltada para o mercado da moda.

São 205 lojas exclusivas das grifes e presença em 1,5 mil multimarcas. Segundo Alvarenga, para 2011, o crescimento deve ficar em 10%. Em 2010, a empresa ganhou mais corpo impulsionada pela transação com a Richards, que acrescentou cerca de 103 lojas à rede da Inbrands e fez sua receita quase dobrar. Este ano, o faturamento deve chegar a R$ 550 milhões.

O empresário diz que a Inbrands mantém atenção a oportunidades de negócios e não descarta outras aquisições. "Em um primeiro momento queremos privilegiar as operações no mercado interno, até como uma forma de defesa e consolidação. No nosso planejamento estratégico de médio prazo está prevista uma internacionalização", diz.

As semanas de moda nacionais costumam ser grandes vitrines para selecionar novos designers que possam engrossar o time de marcas da Inbrands, conta Alvarenga. Segundo ele, a história econômica brasileira, inicialmente fechada à entrada de marcas estrangeiras, favoreceu a criação de grifes nacionais. Agora, com o país exposto à vitrine internacional surge a oportunidade de exportar esse conceito de moda nacional.

O custo de produção, no entanto, ainda é um entrave. "O custo dos nossos produtos de moda de alto valor agregado é similar ao da Itália", diz. Daí a necessidade de reunir várias grifes sob um mesmo guarda-chuva, para reduzir gastos e concorrer lá fora. "Queremos ser o maior grupo investidor de moda de alto padrão do país e referência no mundo."



Fonte:valoronline.com.br

Escravizados produziram coletes de recenseadores do IBGE

Vencedora da licitação dos 230 mil coletes deixou quase toda a produção (99,12%) para terceiros. Um deles, que não tinha nem registro básico, repassou parte da demanda para oficina que mantinha trabalho escravo.


São Paulo (SP) - Coletes de recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram feitos por imigrantes submetidos a condições de trabalho análogas à escravidão.

Vencedora da licitação de R$ 4,3 milhões para a produção de 230 mil peças, a empresa F. G. Indústria e Comércio de Uniformes e Tecidos Ltda., com sede em Londrina (PR), terceirizou quase toda a produção (99,12%) da vestimenta que identifica agentes que continuam coletando informações do Censo 2010 em todo o país.



Uma das acionadas pela F.G. para confeccionar um lote das peças em Guarulhos (SP) acabou repassando parte da demanda para outra oficina de costura precária localizada na Zona Norte da capital paulista, onde exemplar do colete do IBGE foi encontrado. O edital de licitação dos coletes, de acordo com o próprio órgão federal responsável, não prevê subcontratações.





Quando chegou ao complexo de oficinas, fiscalização flagrou boliviano vestindo colete (Foto:BP)  A descoberta se deu a partir de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP), acompanhada pela Repórter Brasil, que inspecionou, em 11 de agosto, um complexo de oficinas no bairro paulistano da Casa Verde conhecido como "La Bombonera".

A alcunha - que remete ao conhecido estádio de futebol do clube argentino Boca Juniors, de Buenos Aires - foi atribuída por causa da quadra de futebol de salão instalada na parte alta da edificação, ponto de encontro de partidas entre times formados por imigrantes sul-americanos todos os domingos.

Durante a fiscalização do complexo, um dos donos de oficina vestia um colete de recenseador do IBGE, em pleno período de coleta de dados. Ao ser questionado a respeito da peça, o boliviano Willy Perez Mamani confirmou ter fabricado 3 mil unidades da peça que vestia. O lote, segundo ele, teria sido entregue um dia antes (10 de agosto). "Não emiti nenhuma nota fiscal. O pedido foi feito por outro dono de oficina. Ele tinha pressa e deu um prazo muito curto", admitiu Willy na ocasião. No local, foram encontradas partes do colete, como o bolso com o endereço do site (www.ibge.gov.br) e o número gratuito de telefone (0800-7218181) para informações sobre o Censo 2010 (veja foto abaixo).

Willy, que declarou receber cerca de R$ 1 por peça costurada em seu "estabelecimento", confidenciou que, no caso específico dos coletes do IBGE, o pagamento foi de R$ 1,80 por conta do exíguo prazo da encomenda.

O quadro em que os 15 empregados da oficina de costura sob gestão de Willy se encontravam foi caracterizado pelos auditores fiscais como de escravidão contemporânea por causa da grave degradação do ambiente de trabalho, além da jornada exaustiva. "Na parede da oficina, há um quadro com os horários de trabalho (das 6h50 às 20 horas). Por conta da urgência na entrega da encomenda [dos coletes confeccionados para os recenseadores do IBGE], esse passou a ser o horário mínimo", explica Elcio Antônio do Prado, da SRTE/SP, que participou da operação no complexo "La Bombonera".

Auditores fiscais encontraram partes soltas do colete utilizado pelos recenseadores (Foto: BP)  Todas as 15 pessoas vindas da Bolívia que trabalhavam na oficina - "registrada" como Willy Perez Mamani Confecções ME - estavam em situação irregular no Brasil. Apenas Willy, o comandante da oficina, possuía visto. Para produzir os coletes do Censo 2010, os empregados foram submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, que se iniciavam às 7h da manhã e se estendia até 22h, de segunda à sexta-feira e, aos sábados, das 7h às 13h. Entre uma jornada e outra, não havia intervalo mínimo de1h, previsto em lei. Uma das funcionárias da oficina de Willy revelou à Repórter Brasil que a rotina foi mesmo "mais puxada" no período de confecção dos coletes. Segundo ela, não houve nenhum bônus pela intensificação do trabalho. Há apenas alguns meses no Brasil, a jovem com menos de 30 anos afirmou ter alcançado a cidade de São Paulo (SP) de ônibus, pela rota que passa por Corumbá (MS).


"Em La Paz [capital da Bolívia], eu recebia no máximo o equivalente a R$ 150. Aqui eu ganho R$ 500", contou. Caso esse tenha sido mesmo o salário mensal recebido por ela, a remuneração ainda ficou abaixo do piso salarial para iniciantes não-qualificadas da categoria das costureiras de São Paulo e Osasco (R$ 620) e do salário mínimo em vigor (R$ 510). Na manhã do dia da fiscalização, a boliviana confeccionou 26 peças em quatro horas (das 7h às 11h). Ela não emitiu reclamações acerca do ritmo de produção e disse que pretende voltar ocasionalmente para Bolívia apenas para visitar a mãe.

Quadro encontrado

Foram 30 autos emitidos à F.G. por conta de infrações flagradas no local. Além dos diversos problemas citados anteriormente, a SRTE/SP identificou a ocorrência de prática discriminatória e limitativa de acesso e manutenção de emprego (devido à exploração exclusiva de mão de obra de imigrantes vulneráveis em situação irregular), o não pagamento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o desconto nos salários dos empregados. Apenas o rombo do FGTS não pago em todos os níveis ultrapassa R$ 310 mil. Somados, os valores devidos por conta dos autos superam R$ 510 mil.

Willy calculou gastar cerca de R$ 300 por pessoa para bancar a alimentação e a moradia de seus empregados. As refeições consistiam invariavelmente em pratos de arroz, feijão, batata e frango. No café da manhã e da tarde, café, chá e biscoitos. Ele negou que tenha havido qualquer desconto no valor dos salários. Nas palavras do dono da oficina, os vencimentos eram de R$ 600 a R$ 700 mensais, conforme o volume produzido. O patamar é superior ao que os próprios funcionários relataram receber: não mais que R$ 500.

Alojamentos familiares e locais de trabalho se misturavam na edificação "La Bombonera" (Foto:BP)

De acordo com o auditor Elcio, apesar da negativa de ambos os lados, os descontos nos salários dos costureiros são evidentes. "O dono da oficina tem de arcar com aluguel, alimentação etc. Como o valor que cada um recebe por peça costurada é muito baixo, esses custos acabam sendo pagos pela parcela tirada dos próprios trabalhadores mesmo", explica.

As condições de segurança e saúde encontradas no local também eram muito precárias. Em função das instalações elétricas irregulares, os fios ficavam expostos. Não havia extintores de incêndio. As instalações sanitárias coletivas não eram separadas por sexo, além da péssima manutenção, sem higiene. A ventilação era insuficiente e a iluminação, inadequada. O espaço para as refeições era inexistente, assim como o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). As cadeiras eram improvisadas. Em decorrência das longas jornadas, a falta de equipamentos adequados poderia acarretar em sérios problemas de saúde para os trabalhadores.

Os alojamentos se confundiam com os limites do local de trabalho: sete pequenos quartos ocupados por famílias inteiras, situados ao longo do corredor que faz ligação entre as oficinas de costura e a cozinha coletiva. Uma infestação de piolhos, que afetava principalmente as crianças, dava provas da falta geral de higiene e dos riscos à saúde presentes no complexo.

No caso da oficina de Willy, a libertação - como costuma ocorrer nos casos de trabalho análogo à escravidão no meio rural - não foi efetuada por um conjunto de motivos. Primeiro, porque muitas famílias de migrantes, principalmente oriundos da Bolívia, convivem e estão estruturadas (com mobílias, aparelhos eletrônicos etc.) no espaço fiscalizado. Filhos e filhas de costureiras e costureiros frequentam a rede pública educacional da região. Ao final do dia de inspeção no imóvel de quatroandares e habitações plurifamiliares precárias, integrantes da fiscalização presenciaram o retorno de muitas crianças ao complexo de oficinas vestindo uniformes escolares.

"Vidas familiares e profissionais estão completamente misturadas nesses espaços. É muito complicado retirar um trabalhador do local", explica o auditor Renato Bignami, que coordenou a operação como parte do programa do Pacto Contra a Precarização e pelo Emprego e Trabalho Decentes em S....

Representantes da Defensoria Pública da União (DPU), do Ministério Público Federal (MPF) e dois juízes do Trabalho compuseram a comitiva que esteve na Casa Verde. Para ele, a opção pelo resgate compulsório deve ser considerada em casos mais extremos de violência e risco ou de cerceamento da liberdade de ir e vir.

O coordenador destaca ainda que cidadãs e cidadãos de nacionalidade boliviana foram contemplados pelo Decreto 6975, de 7 de outubro de 2009, que promulgou o Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul (Mercosul),

Bolívia e Chile. Com isso, a permanência provisória de argentinos, uruguaios, paraguaios, bolivianos e chilenos no Brasil está autorizada. Os únicos impedimentos para a concessão do visto temporário de dois anos que continuam a valer são antecedentes penais ou policiais. Para completar, Renato realça que não há procedimentos definidos para as libertações de trabalho escravo em ambiente urbano, ainda mais quando se trata de episódios específicos que envolvem trabalhadores migrantes estrangeiros. Não existe tampouco estrutura pública de abrigo provisório que possa acolher essas famílias caso houvesse o chamado resgate.

Jornada efetiva de trabalho extrapolava horários marcados em papel fixado na parede (Foto: BP)

Repasses de demandas

Para dar continuidade à fiscalização, auditores fiscais visitaram as instalações da oficina terceirizada intermediária que repassou a encomenda dos coletes para o boliviano Willy. A então "empresa" Milton Borges Ferreira - Confecções EPP, com base em Guarulhos (SP), recebeu a tarefa de segunda mão que deveria ser cumprida originalmente pela vencedora única da licitação realizada pela Fundação IBGE: a F.G. Ind. e Com. de Uniformes e Tecidos Ltda.

Uma das escolhidas no processo de terceirização engendrado pela F.G., a oficina do Milton recebeu a incumbência de confeccionar 51 mil coletes ao preço de R$ 5 por peça (totalizando R$ 255 mil). O acerto se deu na base da informalidade, já que naquela época o processo de abertura e legalização do empreendimento de Milton não estava sequer concluído. Mesmo assim, segundo depoimento deste último, funcionários do IBGE chegaram a fazer a separação dos coletes para entrega nos Estados na própria oficina em Guarulhos (SP).

A intermediária foi fiscalizada em 1º de setembro e mais exemplares do colete do IBGE foram encontrados no recinto. Dos 13 empregados, nenhum era costureiro e todos estavam sem registro formal na Carteira de Trabalho e da Previdência Social (CTPS). Apesar de ter recebido a volumosa encomenda de dezenas de milhares de coletes, a modesta oficina dispõe apenas de três máquinas de costura utilizadas somente para a costura de botões e etiquetas.

Milton admitiu ter subcontratado outras oficinas como a de Willy para cumprir a fabricação das 51 mil peças até 15 de agosto. A nota fiscal para a F.G. foi emitida só no dia 30, pois a liberação da Inscrição Estadual da empresa intermediária ainda estava pendente. De acordo com fiscalização, o número do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da oficina do Milton saiu perto do dia 11 de agosto, depois do recebimento da encomenda por parte da F.G.

Ou seja, a empresa vencedora da licitação - proibida de subcontratar segundo o próprio IBGE - não só repassou para várias outras empresas espalhadas pelo país, como também terceirizou para uma empresa sem registro.

A SRTE/SP também foi até Londrina (PR) para visitar a sede da F.G., que venceu o Processo Licitatório nº 03601.000418/2009-82, por meio do Pregão Eletrônico nº 136/2009 da Fundação IBGE. Responsável direta pela produção de 230 mil coletes para recenseadores de todo o país em 60 dias corridos, a empresa funciona em um galpão com apenas 15 máquinas de costura, duas mesas de corte e molde de tecidos, uma pequena área de acabamento de peças, e um escritório simples. Dos 24 empregados da F.G., metade estava sem registro. Os auditores fiscais constataram ainda que a FG retinha as carteiras de trabalho de seus empregados, sem efetuar o registro no prazo de 48h. A cozinha utilizada pelos empregados era improvisada na garagem.

A reportagem tentou obter as posições da F.G., mas não conseguiu apresentar as questões relativas ao caso aos representantes das empresas. De acordo com a SRTE/SP, a F.G. informara que o IBGE "teria dado respaldo à descentralização da confecção dos coletes, vistoriando e monitorando, em conjunto com o pessoal da F.G, a infraestrutura dos contratados, obtendo um padrão técnico e legal, o que teria possibilitado a agilização da produção e a flexibilização da logística de entrega dos materiais encomendados".

Durante o processo de pregão eletrônico, o primeiro lance apresentado pela F.G. foi de R$ 52,34 para cada colete confeccionado. A proposta final vencedora da mesma empresa foi de R$ 18,70 por peça. Para produzir o lote de 51 mil coletes, a oficina do Milton, que ainda funcionava às margens da legalidade em Guarulhos (SP), foi contratada para receber R$ 5 por colete. Milton, por sua vez, distribuiu parte da demanda para o boliviano Willy e pagou R$ 1,80. "Fazendo este cálculo, é possívelverificar que não houve distribuição de recursos [ao longo da cadeia]. O lucro ficou nas mãos da FG e não chegou aos trabalhadores [que efetivamente confeccionaram as peças]", analisa Renato Bignami, da SRTE/SP.

Condições degradantes de trabalho e jornada exaustiva faziam parte da rotina na oficina (Foto:BP)

Responsabilidades dos envolvidos

A F.G. foi notificada a providenciar a regularização dos vínculos empregatícios de todos os trabalhadores flagrados na cadeia produtiva da qual faz parte, considerando a sede, a intermediária Milton Borges Ferreira Confecções EPP e a oficina de costura Willy Perez Mamani Confecção ME.

O IBGE também foi notificado para que o pagamento dos recursos que porventura ainda estivessem pendentes do contrato com a F.G. fosse suspenso até que os valores que a vencedora da licitação mantém em aberto com o FGTS fossem devidamente quitados. "A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deveria zelar pelocorreto, integral e sistemático cumprimento do contrato de fornecimento dos coletes IBGE censo 2010, notadamente nos seus aspectos trabalhista, previdenciário e fiscal, tendo em vista tratar-se de confecção de peças de vestuário remunerada pelo Erário Público e que envolve a geração de emprego e renda, itens básicos para o progresso econômico do Brasil, desde que respeitados os preceitos do Trabalho Decente, constantes do Plano Nacional do Trabalho Decente, de natureza pública e de conhecimento de todos os entes da Administração Pública", destaca o relatório da fiscalização.

O instituto informou à Repórter Brasil que já recebeu a notificação e que a chegada do documento foi posterior ao pagamento total de R$ 4,3 milhões feito à empresa contratada. De acordo com o IBGE, a F.G. apresentou todos os comprovantes exigidos (documentação jurídica, atestados relativos à regularidade fiscal, à qualificação técnica e à qualificação econômica financeira) e venceu a licitação pelo critério de menor preço ofertado.

Um dos itens para impedir a participação no processo de empresas sem estrutura para cumprir o contrato é a exigência de comprovação de Capital Social Mínimo ou Patrimônio Liquido no valor igual os superior a R$ 1,2 milhões. A F.

G não comprovou, mas apresentou, conforme o IBGE, índices de Solvência Geral (SG), de Liquidez Geral (LG) e de Liquidez Corrente (LC) superiores a 1,00 - comprovados através do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf) -, o que dispensa a exigência anterior. Já o atestado de capacidade de produção (80 mil uniformes, emmédia, por ano) em favor da F.G. foi emitido pela Qualix Serviços Ambientais Ltda., de São Paulo (SP). A Repórter Brasil também entrou em contato com a Qualix para obter mais detalhe sobre a emissão do atestado, mas não obteve retorno da empresa.

Ainda segundo o IBGE, o referido edital seguiu a Lei das Licitações (8.666/93) e foi previamente submetido e aprovado pela Procuradoria Federal no órgão. Com o documento assinado pela Qualix, a F. G. pôde se se enquadrar à exigência estabelecida de capacidade de produção de percentual mínimo de 20% do total dos materiais licitados. "A exigência de atestado com a totalidade do objeto licitado [230 mil peças] praticamente restringiria ou mesmo inviabilizaria a participação de empresas especializadas, visto que não é comum a aquisição de um volume dessa natureza em certames licitatórios", justifica o instituto.

Subcontratações não estão previstas em edital de licitação, confirma IBGE (Foto: Reprodução)
O edital de confecção dos coletes para os recenseadores do Censo 2010 estabelece a obrigatoriedade de que as propostas de preços apresentadas pelas empresas contenham declaração expressa de que os valores ali contidos devem incluir todos os custos e despesas para o cumprimento integral do seu objeto, tais como tributos incidentes, encargos sociais e trabalhistas e outros. Mas, para o IBGE, simplesmente "não é da competência do órgão fiscalizar condições de trabalhar junto às empresasfornecedoras".

O contrato com a F. G., responde o IBGE, foi gerido pelo funcionário Eduardo Alberto de Novais Alves, da Coordenação Operacional dos Censos, que inclusive chegou a visitar a unidade de produção da empresa F. G. em Londrina (PR) e "constatou a existência das instalações de confecção têxtil, estoques de matérias primas e a efetiva produção dos coletes".

É reiterado pelo instituto que o edital de licitação não abre margem para qualquer tipo de subcontratação por parte da empresa vencedora. Reconhece, contudo, que "teve conhecimento de que uma unidade de Guarulhos produziu parte da encomenda". Além disso, as entregas dos coletes deveriam ser feitas pela F. G. diretamente nas unidades do IBGE. "Contudo, em razão dos atrasosregistrados no cronograma de entrega e a constatação de que a empresa não dispunha de frota própria para fazer as entregas com exclusividade e, assim, dependia de contratação de serviços de transportadoras para efetivar as entregas e, com isso, reduziria a possibilidade de controle dos prazos e colocava em risco as datas fatais para a distribuição em todos os locais (Postos de Coleta), o IBGE, visando reduzir asimplicações (atraso no início dos trabalhos do Censo 2010), que teriam fortes impactos negativos para a operação, decidiu retirar por meios próprios os coletes na unidade de produção, em Guarulhos".

O endereço de retirada do material apresentado pelo IBGE coincide com o imóvel onde funciona a oficina do Milton, vistoriada pela SRTE/SP.

Segundo a instituição federal, "há registros desses deslocamentos e seus custos foram levantados com o objetivo de subsidiar os cálculos da multa pecuniária a ser aplicada, conforme previsto no edital". O processo está em análise na Diretoria Executiva do IBGE e a multa pecuniária pelo descumprimento parcial do contrato ainda não foi definida. O instituto insiste que "todas as obrigações e condições para a execução contratual são de exclusiva responsabilidade da empresa F. G., a qual, inclusive, está passível de aplicação de penalidades por descumprimento de qualquer condição contratual".

Embora a capacidade de produção de ao menos 20% dos 230 mil coletes tenha sido estabelecida como critério para a escolha da proposta vencedora, a F. G., que recebeu R$ 4,3 milhões pelo contrato firmado com o IBGE, não chegou a produzir efetivamente nem 2% das peças utilizadas pelos recenseadores, segundo apuração da SRTE/SP. Outras quatro empresas - em Santo Antônio da Platina (PR), em Paraguaçu Paulista (SP), em Cerquilho (SP) e em Guarabira (PB) - também fizeram contrato de fornecimento de coletes para a F.G. A operação iniciada no dia 11 de agosto ainda envolve outras marcas e redes varejistas do setor de confecções. Contudo, as investigações das outras cadeias produtivas ainda não foram concluídas.

*A jornalista da Repórter Brasil acompanhou a fiscalização da SRTE/SP como parte dos compromissos assumidos no Pacto Contra a Precarização e pelo Emprego e Trabalho Decentes em São Paulo - Cadeia Produtiva das Confecções

http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1813





Fonte:reporterbrasil.com.br