quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Celular no trabalho

O uso de aparelhos de telefonia celular é algo recente e pouco regulamentado. Não há consenso quanto à forma educada ou ética de utilização e isso vem se tornando um problema para as empresas.

Vem bem a calhar a citação do escritor André Gide, em tempos que nem se imaginava o aparelho: “Não há problemas; há soluções. O espírito do homem, depois, inventa o problema.”

É o caixa da padaria, passando o cartão do cliente com o celular nos ouvidos, ou a reunião interrompida por toques musicais inusitados, ou o vendedor que só falta lhe pedir um minutinho para terminar uma ligação.

Empresas maiores têm proibido o uso de celulares no horário de expediente. Caminho que a cada dia é seguido também por empresas menores.

Há funcionários que acham um absurdo este tipo de medida, entendendo ser uma violação ao direito de comunicação e, já vi quem procurasse saber da possibilidade de uma ação por dano moral diante da proibição.

O trabalho, por definição, é uma força motriz, física ou intelectual, que impulsiona modificações com a intenção de atingir um objetivo e gerar riquezas.

Quando um empregador contrata seu funcionário, está adquirindo a maior quantidade possível dessa força motriz por determinado tempo. Assim, a partir do momento em que o funcionário vende essa força à empresa, entregar o produto vendido é um pressuposto básico.

Salvo quando utilizado como ferramenta de trabalho, o aparelho celular é um instrumento de uso particular. Assim, ao utilizá-lo no decorrer da jornada de trabalho, o funcionário estará se dedicando a seus interesses e não aos da empresa, deixando de entregar o que a ela vendeu.

Se a lei nos proíbe o uso do aparelho celular quando dirigimos, sob risco de a desatenção causar algum acidente, evidentemente seu uso em qualquer outro lugar tira a atenção. Quando se fala de trabalhos manuais
e rotineiros, o uso do celular é elemento que potencializa a ocorrência de acidentes de trabalho. Já no caso de trabalhos de ordem intelectual, a perda do foco leva ao que conhecemos por desperdício. Experimente atender a ligação no decorrer deste artigo e, ao retornar a lê-lo, afianço que terá que procurar onde parou, relendo frases até que se lembre de onde estava e como avaliava o que lia. Parece um tempo insignificante, não é mesmo? Até por isso não percebemos a perda, mas multiplique pela quantidade de ligações de seu dia e vai notar que esse é um tempo valioso, que não volta mais.

Para um bom desempenho, qualquer trabalho precisa fluir de forma constante e lógica.

O celular se tornou hoje um dos grandes vilões, tirando o foco e causando o constante fracionamento do trabalho.

Não são poucas as empresas que em meio a dificuldades procuram nosso escritório e, ao conversar com o proprietário, entre suas queixas de falta de tempo, dinheiro e organização, a reunião é interrompida várias vezes por conta de ligações recebidas. Fracionam tanto o trabalho ao ponto de torná-lo improdutivo. Imagine a fila de um caixa de banco: ela deve andar, fluir. Se o caixa parar sua atividade para atender ao celular, o que ocorrerá com a fila?

Uma evolução, o aparelho deve melhorar a nossa qualidade de vida, mas, seu uso inadequado pode lhe trazer incalculáveis dissabores. Use seu celular como ferramenta e não permita que ele interfira negativamente em seu desempenho. Você não depende de seu celular.

Afinal, nem existia há 30 anos, e ninguém morreu por conta disto.

Por Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares, diretor da Gcapts Consultoria, especializada em reestruturação empresarial.

 
Fonte:bagarai.com.br


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