segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O fim da era Braspérola

No dia 11 de fevereiro será conhecido o novo proprietário do terreno onde fica a antiga fábrica

Jean Marie Roussel, representante da empresa francesa que adquiriu parte da empresa Brasperola, mostrando equipamentos. A fábrica fechou as portas em setembro de 2001 e, no mesmo período, os 670 funcionários do grupo foram dispensados

Os mais saudosos, que lamentaram o fechamento da fábrica de tecidos Braspérola em setembro de 2001, terão mais um motivo de tristeza. Em fevereiro, a partir do dia 11, o novo proprietário do terreno e do imóvel onde funcionava a maior fábrica de linho da América Latina poderá instalar o que preferir no local ou até mesmo demolir a antiga fábrica de tecidos.

Até o dia 26 de janeiro, os interessados em adquirir a área total de 463.706,67 metros quadrados, com cerca de 220 mil metros quadrados de área de preservação ambiental, poderão retirar o edital de venda do terreno e do imóvel.

No dia 11 de fevereiro serão abertos os envelopes com as propostas de compra. Até meados da semana passada, sete solicitações do edital já haviam sido feitas ao síndico da massa falida da Braspérola, Paulo França.

França não idealiza o que poderá obter com a venda e diz que o total obtido será depositado em conta judicial e vai servir para quitar as dívidas ainda pendentes no processo de falência da Braspérola. Mesmo sem falar em preço, no mercado imobiliário, corretores calculam em  R$ 400 o valor do metro quadrado na região.

Procurados, os representantes da Vivabras, empresa que arrematou os equipamentos da antiga Braspérola, não se manifestaram. A empresa terá que retirar as máquinas que ainda estão no local, já que decidiu não mais reativar o empreendimento no Estado, ao contrário do que fez com a planta da Braspérola em Pernambuco, onde a Vivabras está produzindo algodão e linho.

As informações não oficiais são de que os franceses encontraram máquinas depenadas, dificuldades intransponíveis e pouca disposição de autoridades para ajudar a reativar a unidade da antiga fábrica de linho no Estado.

A história da fábrica de tecidos

Dispensa. Depois de passar por dificuldades financeiras, o grupo controlador da Braspérola decidiu fechar as fábricas de Cariacica, onde fabricava linho puro, considerado de altíssima qualidade, e de Camaragibe, em Pernambuco, onde produzia algodão e linho misto. No dia 4 de setembro de 2001, os 670 funcionários foram dispensados. A fábrica, apesar das tentativas, nunca mais voltou a operar.

Pagamento. Depois de muitas negociações e idas e vindas, a Justiça do Trabalho determinou a venda dos equipamentos das fábricas de Cariacica e de Pernambuco. O dinheiro obtido foi utilizado para o pagamento da dívida trabalhista, que foi praticamente quitada.

Hipoteca. O grupo francês Vivalin, por meio da empresa que criou no Brasil, a Vivabras, arrematou a fábrica de Camaragibe, em Pernambuco, e os equipamentos da fábrica de Cariacica. Não pôde arrematar a fábrica de Cariacica porque tanto o terreno quanto o imóvel já estavam hipotecados em financiamentos concedidos anteriormente.

Dívidas. O dinheiro obtido foi utilizado para o pagamento da dívida trabalhista,  mas a massa falida da Braspérola ainda precisa quitar débitos tributários com os municípios, Estados e governo federal, além de pagar fornecedores e prestadores de serviços.

Produção. Em Camaragibe, os franceses conseguiram reativar a fábrica utilizando, inclusive, equipamentos levados da fábrica de Cariacica.

Perdas. Na unidade do Espírito Santo, as dificuldades foram maiores. As máquinas estavam mais danificadas do que imaginavam os empresários compradores, faltavam peças básicas nos equipamentos, e existia todo o passivo ambiental que precisaria ser resolvido para garantir a reabertura da unidade. A decisão foi por não reativar a unidade de Cariacica. Com isso, o país perdeu, definitivamente, uma fábrica têxtil moderna e um linho de qualidade inquestionável.

 

Fonte:gazetaonline.globo.com



Nenhum comentário:

Postar um comentário