domingo, 20 de fevereiro de 2011

A realidade do setor têxtil brasileiro na visão do varejo de vestuário

O ano de 2010 foi, sem dúvida, um excelente ano para o varejo de vestuário, em especial graças à recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo e da oferta de crédito. O varejo de grande superfície encerrou o ano com 1.766 lojas em todo o País, com crescimento de 13,7% sobre as 1.553 lojas em 2009. O número de empregados em 2010 foi de 192.358, um crescimento de 8,8% em relação aos 176.856 empregados em 2009.

No entanto, este crescimento também acentuou um problema conhecido no setor. A defasagem entre a capacitação da indústria nacional e os volumes de demanda do mercado consumidor nos levou a unir forças com a indústria para a busca de soluções permanentes.

Representantes da cadeia de produção e distribuição realizaram no final do ano passado um encontro inédito com o objetivo de adotar medidas que fortaleçam o setor têxtil. Há a necessidade de formatar ações a curto, médio e longo prazo, bem como identificar os problemas da produção e do varejo.

É preocupante o fato de fornecedores não conseguirem crescer e acompanhar a expansão do varejo, que tende a continuar no mesmo compasso em 2011, com crescimento ritmado na casa de dois dígitos.

O anúncio feito pelo atual governo no início do ano, de políticas de incentivo para o mundo fashion animou desde as grandes redes varejistas às pequenas marcas. Medidas em estudo como desoneração da carga tributária sobre a produção e folha de pagamento; introdução de novas tecnologias; bem como benefícios ligados ao financiamento junto ao BNDES são muito bem-vindas.

Estas medidas não devem, de forma alguma, prever a criação de barreiras à importação – tarifárias ou não – o que consistiria em um grande retrocesso para um mercado consumidor maduro e exigente como o brasileiro. Isto também porque o produto importado ajuda na manutenção do controle da inflação no segmento, que é uma das principais preocupações do País. Com a chegada do inverno, a importação torna-se imprescindível, uma vez que a indústria nacional não tem vocação para este tipo de produto.

Outra importante iniciativa para o setor têxtil foi a criação do Programa de Qualificação de Fornecedores para o Varejo. O objetivo é permitir ao varejo qualificar e monitorar fornecedores e subcontratados quanto às melhores práticas de responsabilidade social e relações do trabalho.

Este Programa é a contribuição do varejo de grande superfície para estabelecer um novo ambiente de negócios na cadeia têxtil, baseado na ética e transparência. Fato que será consolidado por meio da adesão dos varejistas ao programa, dada a importância deste comportamento.

Em tempo, fica cada vez mais evidente que a atividade produtiva não vem cobrindo as necessidades de consumo e, justamente, o ritmo de consumo das famílias é o que determina as regras de mercado. O consumidor pesquisa e exige qualidade a preço competitivo. O desafio do mercado têxtil infanto-juvenil é agradar essa nova geração de consumidores, com apostas criativas e interativas às tendências globais. Um mercado que aponta crescimento e que equivale a 15% do mercado de vestuário do País, a moda infantil mostra um aumento do consumo e das exigências das mães (e dos pequenos consumidores que já fazem a própria moda) que querem ser plenamente atendidos em termos de preço, tamanhos e qualidade.

Fato confirmado pela pesquisa sobre “Comportamento de Compra do Consumidor de Vestuário”, realizada pelo IEMI, por meio do seu Núcleo de Inteligência de Mercado. Os mais jovens são Multiplicadores – perfil caracterizado por ser o primeiro a adquirir novidades, busca status e identidade através da moda; e é o grupo que mais influencia as pessoas ao seu redor.

por: Sylvio Mandel - presidente da ABVTEX


FONTE: http://tribunadonorte.com.br/noticia/a-realidade-do-setor-textil-br...

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