segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

São Cristóvão deixa zona sul de lado e desponta como polo de moda carioca

Marcas badaladas trocam áreas ricas em troca de gigantescos galpões no tradicional bairro.

O Rio de Janeiro está na moda, e não é à toa. Com Copa do mundo em 2014, Olimpíada em 2016 e uma economia efervescente, a cidade entrou de vez para o ranking de lugares desejados por estrangeiros (e por quê não também para milhares de brasileiros?). Para saciar essa vontade de consumir Rio, a moda se mostra como a mais nova arma para captar esses consumidores vorazes.

Engana-se quem pensa que o mercado carioca da moda está majoritariamente nos bairros mais ricos. Embora a influência no estilo e na cultura passe, inevitavelmente, pela orla do Leme ao Leblon, na zona sul, os trabalhadores dessa indústria gigante – inclusive das grifes mais badaladas – estão do outro lado da cidade.

Quem desponta no circuito fashion é o tradicional e outrora imperial bairro de São Cristóvão, na zona norte, mais conhecido por ser o lar da famosa “Feira dos Paraíbas”, como os cariocas se referem carinhosamente à Feira de São Cristóvão - que acontece no Centro de Tradições Nordestinas.

São Cristóvão surgiu como o primeiro polo metropolitano de moda do Estado. O Polo de Moda Carioca de São Cristóvão nasceu com 15 empresas em 2008 e hoje já reúne mais de 65, que empregam 7,5 mil trabalhadores. O bairro que domina 53% da produção do Estado espera crescimento de 32% nas vendas deste ano, na comparação com 2009.

Ao todo, São Cristóvão conta com mais de 300 empresas que empregam diretamente cerca de 13 mil pessoas e são atendidas por 750 fornecedores e prestadores de serviços terceirizados.

Das grifes que desfilaram no Fashion Rio, as marcas Espaço Fashion e Maria Bonita Extra têm gigantescas fábricas na região, mas se contarmos os desfiles do Rio-à-Porter e Fashion Business, XSite, Armadillo, Osklen, Farm, Cavendish, Ecletic, Oh Boy, Leeloo, Enjoy e Sacada também possuem amplos galpões na redondeza.

Essa constelação da moda é responsável por 8,6 milhões de acessórios, roupas e calçados produzidos anualmente para abastecer o mercado brasileiro, muitos destes produtos apareceram pela primeira vez nas passarelas de um dos três eventos acima citados e responsáveis por vendas de até R$ 800 milhões apenas no mercado nacional.

Segundo Fernando Pimentel, diretor-superintendente da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) a moda carioca exportou US$ 21 milhões em 2010, alta de 23,52% quando comparado com os US$ 17 milhões do ano anterior. E a tendência deve manter uma aspiral ascendente sem precedentes com a exposição da cidade no mundo inteiro.

A começar pela estreia ainda este ano da nova animação “Rio”, do brasileiro Carlos Saldanha, que promete colocar (mais uma vez) nos holofotes mundiais as belezas da cidade por meio da carismática arara Blue, que sai dos Estados Unidos seguindo o seu instinto e chega à Cidade Maravilhosa. Por isso os estilistas e empresários estão cada vez mais otimistas, o Rio é a nova coqueluche em todas as áreas.

Carlos Mariani Bittencourt, Vice-Presidente do Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) lembra que há dez anos, quando surgiu a ideia de se criar o Fashion Rio, o Estado vivia outro momento econômico.

- Fomos pioneiros em vislumbrar o potencial da moda carioca. Hoje esse segmento tem uma importância fundamental para a cidade. O reflexo dessa atividade na indústria do Rio de Janeiro é tão grande que hoje somos 65 mil trabalhadores, 4 mil empresas e criamos moda para todas as regiões do Brasil e agora para o mundo.

Das praias cariocas para o mundo

Embora nem Paulo Borges, organizador do Fashion Rio e do SPFW (São Paulo Fashion Week), tenha conseguido explicar objetivamente por que a moda carioca encanta o mundo, ele citou alguns elementos que exemplificam esse encanto: emoção, leveza, frescor, simpatia, beleza e tantos outros adjetivos que evocam a “alma carioca”.

Esse diversificação tem feito com que a moda do Rio conquiste cada vez mais mercados mundo afora – e mercados altamente qualificados. Os Estados Unidos são o principal comprador seguido da França. Portugal, Itália e Argentina.

No ano 2000, as exportações destinavam-se apenas aos nossos vizinhos Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia, além dos EUA. Uma mudança radical quando comparado com o quadro atual.

Apesar de todo este frenesi, Borges é cauteloso com relação ao crescimento esperado para os próximos anos.

- Existe uma demanda enorme, o mercado está bastante aquecido. Por outro lado, os ajustes que o governo está fazendo [na economia] não nos permitem muitas certezas com relação ao setor em 2011. Acredito que somente no meio do ano vamos ter uma ideia de para que lado a balança vai pesar.

- O Fashion Rio mostrou-se uma estratégia muito eficaz para incentivar o setor da moda. Em dez anos, mudamos completamente de patamar. Nossas grifes estão preparadas para o mercado nacional e internacional.

A avaliação é de Cristiane Alves, gerente do Senai Moda, braço fashion da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Em dez anos, as exportações da indústria da moda cresceram 130%, deixando para trás os US$ 9,2 milhões para US$ 21,2 milhões por ano. No Estado, o setor de confecção e o têxtil se tornaram o segundo maior empregador, com cerca de 92 mil trabalhadores diretos e indiretos. Para efeito de comparação, só no segmento confecção há 30% mais empresas se comparado ao ano 200, com 2.630 companhias.

Fonte:portal R7

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