quarta-feira, 16 de março de 2011

Pescadores de Portugal vão receber calças flutuantes de patente norueguesa

Dentro de dois meses, cerca de 3850 pescadores vão receber as calças de PVC, com material flutuante no forro, que permitem ao pescador manter-se à tona da água, na vertical.

As calças flutuantes que a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM) propunha para substituir os coletes que os pescadores portugueses são obrigados a usar no mar devem começar a ser distribuídas, dentro de dois meses, aos primeiros 3850 pescadores do Norte e Centro do país que as compraram.

Estas aquisições, subsidiadas, foram realizadas no âmbito do projecto Segurança é Viver - desenvolvido pela APMSHM e financiado com verbas do programa comunitário Promar - que visa dotar a classe piscatória de meios de salvamento colectivos e individuais. Apesar do âmbito nacional do projecto, apenas os pescadores a norte de Peniche, e sobretudo os de entre Espinho e Caminha, se candidataram maciçamente a receber o equipamento.

As calças flutuantes em questão, aliás, ganharam o Prémio de Segurança 2008 atribuído pelo jornal britânico Fishing News e o Prémio de Excelência em Design na categoria têxtil e vestuário concedido pelo Conselho Norueguês de Design, país onde já são utilizadas pela classe piscatória local.

Após o número recorde de pescadores que, em 2009 e 2010, morreram no mar - segundo dados da APMSHM, foram 17 desde 2009, dos quais nove nunca foram encontrados -, a associação liderada por José Festas apresentou um projecto que, defende, ajudará a salvar vidas: equipar os pescadores com umas calças de PVC, com material flutuante no forro, que, em caso de naufrágio, permitem ao pescador manter-se à tona da água, na vertical, até ser resgatado.

A obrigatoriedade nacional de uso dos coletes salva-vidas, "que nem sempre funcionam", é contestada pela APMSHM. Os coletes, alega, dificultam o trabalho dentro das embarcações e, por isso, são muitos os homens que arriscam não usá-los. Já as calças, produzidas por uma marca norueguesa em parceria com uma fábrica portuguesa, impedem os pescadores de se molharem e não apresentam aquelas desvantagens. "Daqui a dois anos, vamos estar novamente a discutir o uso do colete insuflável, porque não vai funcionar", argumenta José Festas, acrescentando que, por vezes, só na ocasião em que se torna necessário se constata que o colete está furado. "Os pescadores é que devem decidir se envergam o colete ou não, se querem morrer ou não", defende. Em relação às calças, que já ninguém contesta, garante que "vão salvar muitas vidas".

O projecto Segurança é Viver está em fase de implementação. Dentro de dois meses, 4500 pescadores de 400 embarcações vão começar a receber as calças ou outros equipamentos de salvamento colectivos e individuais encomendados ao abrigo do projecto. O Segurança é Viver está avaliado em mais de quatro milhões de euros, sendo que 90 por cento do investimento elegível é a fundo perdido. O que significa que dos 125 euros que custam as calças insufláveis, os 3580 pescadores que as compraram vão pagar apenas 10 por cento.


FONTE: JORNAL PUBLICO

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