sábado, 21 de janeiro de 2012

Indústria têxtil do Ceará ameaçada pela qualidade chinesa


Tecnologia, organização, eficiência e qualidade das fábricas chinesas fizeram crescer entre os empresários cearenses.

A certeza de que compensa mais encomendar seus produtos no exterior do que produzir a linha no CE.

No final de 2011, cerca de 30 representantes de indústrias de confecção e têxtil do Ceará estiveram na China visitando fábricas e conhecendo seus processos produtivos. O que os empresários viram é preocupante para o futuro das empresas cearenses. Não dá para competir com a qualidade e preços dos produtos chineses. A opção é importar.

Erick Picanço, consultor de negócios e diretor comercial da indústria de lingerie Feminize, de Maranguape, diz que a tecnologia, organização, eficiência e qualidade das fábricas chinesas fizeram crescer entre os empresários cearenses a certeza de que compensa mais encomendar seus produtos, a partir de moldes enviados, do que produzir toda a linha no Estado.

“A ideia é que parte de nossa produção seja substituída, terceirizada na China. Aqui não vamos conseguir ter preço”, diz. Essa medida representaria uma redução de 40%, aproximadamente, dos custos das empresas cearenses, mantendo a mesma qualidade e, inclusive, aceitando encomendas dentro do padrão de produção local.
Vagas perdidas

Mas o dado mais preocupante seriam as vagas de trabalho que seriam perdidas no estado. Em todo o Brasil, o setor de confecção e têxtil emprega 1,7 milhão de pessoas, sendo que 7% desses empregos estão no Ceará – cerca de 120 mil vagas. “Estimamos que, só em Maranguape, geramos mil empregos diretos. Para o município, a substituição da produção pela importação seria terrível”, afirma Picanço.

Em 2010, os produtos chineses representaram 30% das importações de têxtil do Ceará. “E, de lá para cá, não aconteceu nenhum movimento tributário que modificasse este cenário. As estimativas são as de que, em 2011, esse volume de importações tenha sido de 35%”. O sistema tributário chinês e os impostos sobre a produção também seriam bem menores e mais convidativos para os empreendedores que aqui. “Enquanto isso, tivemos uma redução de 20% da alíquota do contrato patronal, além de um novo imposto que recolhe 1,5% do faturamento das empresas”, reclama.

Testes

Até a Copa do Mundo de 2014, o consultor acredita que parte desse processo de produção estará vindo da China. Sem citar nomes, Erick Picanço garante que já há fábricas cearenses fazendo testes. “Ficamos assustados com o nível de competitividade que eles geram”, diz.

Na comitiva estavam representantes não apenas do setor de lingerie, mas também calçadista e de modinha (camisetas e shorts).
Malwee

A Malwee irá construir, este ano, sua fábrica no município de Pacajus, a 49,1 quilômetros de Fortaleza. O terreno - de 11 hectares -já foi adquirido e a previsão é a de que sejam investidos, inicialmente, R$ 52,6 milhões.

A fábrica atual da Malwee funciona em um prédio menor, alugado. Com a nova unidade, a previsão é a de que sejam gerados 2.390 empregos diretos, segundo dados repassados pela Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece).

FONTE: O POVO

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