sábado, 18 de fevereiro de 2012

Consumidores chineses não querem mais saber de produtos falsos


Enquanto as multinacionais e a Casa Branca pressionam a China a combater a falsificação de produtos, chineses como Liu Wenzhong mostram o apetite crescente do país por produtos genuínos.
Numa loja de roupas esportivas da North Face, em um dos centros comerciais mais frequentados de Pequim, Liu comprou recentemente um par de botas para neve e um moletom de feltro. As roupas custaram 700 yuans cada, ou US$ 110, quase cinco vezes mais que a versão falsificada à venda na mesma rua.
CFAKES
ChinaFotoPRess/Zuma Press

A Nike está usando atletas como o jogador de basquete da NBA LeBron James para promover a sua marca na China, um mercado onde ela está se expandindo, encorajada pela crescente preferência dos consumidores por produtos autênticos.
"A diferença de comprar produtos reais ou falsificados é como você se sente depois", diz Liu, de 36 anos, que tem sua própria empresa de distribuição de fibra ótica e uma renda estável de cerca de 15.000 yuans por mês. "Eu posso usar uma marca pela qual eu paguei e me sentir orgulhoso."
Embora os produtos falsificados ainda sejam amplamente disponíveis na China, os comentários de Liu indicam uma mudança na atitude dos consumidores num país onde comprar no mercado negro já era a opção preferida.
Uma pesquisa realizada ano passado pela China Market Research descobriu que 95% das chinesas entre 28 e 35 anos disseram sentir vergonha de usar bolsas falsificadas. E a demanda pelos produtos falsos diminuiu, com 15% das pessoas dispostas a comprar roupas e artigos de couro falsificados em 2010, ante 31% em 2008, segundo uma pesquisa da consultoria McKinsey & Co.
A mudança alimentou os planos de expansão das multinacionais na China. Varejistas como Nike Inc. e a Columbia Sportswear Co., bem como a fabricante de cosméticos Shiseido Co. e a VF Corp., dona da North Face, estão abrindo lojas em cada vez mais cidades chinesas. Muitos varejistas passaram a promover eventos e outros atrativos para aumentar a frequências das lojas. E alguns adotaram medidas para diferenciar seus produtos dos falsificados, como embalagens especiais.
"Os consumidores chineses são ainda mais atentos que os dos países ocidentais", diz Aidan O'Meara, presidente da divisão da Ásia e Oceania da VF. "Eles não querem ser flagrados usando um produto falso."
A North Face, cujos produtos foram bastante falsificados no fim dos anos 90 e no início da década seguinte, agora tem 500 lojas na China e continua se expandindo. A VF planeja abrir 450 lojas da North Face na China, nos próximos três anos.
Os produtos falsificados, entretanto, continuam sendo um problema. As autoridades chinesas apreenderam 5,33 bilhões de yuans (US$ 847 bilhões) em mercadoria falsa ano passado, segundo a Administração Geral de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena. O país também é a principal fonte de produtos falsificados e pirateados confiscados nos Estados Unidos, com 62% do total de US$ 124,7 milhões em mercadoria apreendida ano passado, segundo o governo americano.
A sapataria italiana de luxo Tod's SpA criou uma rede de mais de 30 lojas na China nos últimos anos. Mas ela continua encontrando cópias de baixa qualidade dos seus sapatos no mercado negro e está desenvolvendo uma estratégia para combater a falsificação, disse uma porta-voz.
E a Golf Anti-Counterfeiting Group, associação de fabricantes de equipamento para golfe, como a Callaway Golf Co., está ampliando a fiscalização na China à medida que o esporte se torna mais popular no país. Duas blitze apreenderam ano passado mais de 7.000 tacos falsificados, além de roupas esportivas falsificadas. "Enquanto existirem pessoas dispostas a comprar o falso, existirá quem o fabrique", diz Jason Rocker, um porta-voz da associação.
O presidente dos EUA, Barack Obama, destacou a China em seu discurso anual ao Congresso, mês passado, dizendo que seu governo vai tomar medidas mais rigorosas para impedir a entrada de produtos falsificados no país.
A China já tomou algumas iniciativas para combater a pirataria. O país começou em 2010 uma das maiores fiscalizações de patentes em sua história, concentrando-se em software, autopeças, celulares e alimentos nas províncias costeiras do sudeste. Mais tarde naquele ano, as autoridades chinesas confiscaram 2.000 cópias de produtos falsos da marca Columbia que poderiam render até US$ 2,7 milhões no mercado negro, informou a empresa.

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